O Ubuntu é provavelmente a distribuição Linux mais usada atualmente. Ele é desenvolvido pela Ubuntu Foundation, uma organização sem fins lucrativos, que por sua vez é patrocinada pela Canonical Inc., que ganha dinheiro vendendo suporte, treinamentos e customizações do Ubuntu. Esta combinação de ONG e empresa tem dado muito certo, combinando os esforços de um sem número de voluntários e um grupo de desenvolvedores bem pagos que trabalham em tempo integral no desenvolvimento do sistema.
Ao invés do tradicional 1.0, 2.0, 3.0, etc., o Ubuntu usa um sistema de numeração das versões bastante incomum. Os releases são numerados com base no mês e ano em que são lançados e recebem um codenome. A primeira versão oficial foi Ubuntu
4.10 (lançado em outubro de 2004), apelidado de "Warty Warthog", seguido pelo
5.04 (lançado em abril de 2005), apelidado de "Hoary Hedgehog" e pelo
5.10 (outubro de 2005), batizado de "Breezy Badger".
Os próximos foram o
6.06 (Dapper Drake),
6.10 (Edgy Eft),
7.04 (Feisty Fawn),
7.10 (Gutsy Gibbon),
8.04 (Hardy Heron), o
8.10 (Intrepid Ibex) e o
9.04 (Jaunty Jackalope).
As versões regulares do Ubuntu recebem atualizações e correções durante um período de 18 meses, de forma que você acaba sendo obrigado a atualizar o sistema a cada três versões. Como uma opção para quem quer mais estabilidade e a opção de manter o sistema por mais tempo, existem as versões
LTS (long term support), que recebem atualizações por um período de 3 anos (5 anos no caso dos servidores). Elas são as versões recomendáveis para estações de trabalho e para uso em empresas.
As versões LTS são montadas dentro de um controle de qualidade mais estrito e passam por um período de testes mais longo, resultando em versões mais estáveis. A primeira versão LTS foi o 6.06 (que receberá atualizações até junho de 2009), seguido pelo 8.04 (atualizações até abril de 2011). Se os planos não mudarem, a próxima versão LTS será o 10.04, planejado para abril de 2010.
O Ubuntu não é a distribuição mais estável, nem a mais fácil de usar, mas a grande disponibilidade dos CDs de instalação e toda a estrutura de suporte criada em torno da distribuição acabaram fazendo com que ele se tornasse uma espécie de "default", uma escolha segura que a maioria acaba testando antes de experimentar outra distribuições. Isso faz com que ele seja a distribuição com mais potencial para crescer além da base atual.
Nas primeiras versões, o Ubuntu usava uma versão levemente modificada do instalador do Debian Sarge, um instalador bastante simples, em modo texto. Isso afastava muitos usuários, já que o instalador não era particularmente amigável. O instalador em modo texto continua disponível através do "alternate CD", mas a versão live-CD tomou a frente e passou a ser o modo recomendado de instalação.
Durante o boot a partir do CD, a primeira pergunta é sobre a linguagem. A equipe do Ubuntu dá uma grande ênfase aos pacotes de tradução e uma boa amostra disso é que ao escolher a linguagem todas as mensagens da tela de boot aparecem traduzidas, incluindo os textos de ajuda. Estão disponíveis inclusive um conjunto de opções de acessibilidade, incluindo suporte a terminais braile e também o modo "leitor de tela", destinado a deficientes visuais, onde um sintetizador de voz fala todos os passos da instalação (veja detalhes no
http://www.linuxacessivel.org).
Ao contrário do Mandriva, OpenSUSE e do Slackware, o Ubuntu não oferece uma opção para selecionar os pacotes que serão instalados. O CD simplesmente contém um sistema base, com os programas mais usados, que é instalado diretamente. Isso reduz a flexibilidade, mas em compensação simplifica bastante a instalação do sistema e permite que ele seja composto de apenas um CD, em vez de vários.
Além da versão em CD, está disponível também uma versão em DVD (procure pelo link "DVD images containing additional languages" no final da página de download), que inclui todos os pacotes de internacionalização, evitando que você precise ter uma conexão disponível no final da instalação para baixá-los. Nem todos os mirrors disponibilizam a imagem do DVD (já que ela consome mais espaço e muito mais banda), por isso às vezes é preciso procurar um pouco até encontrar. Ele é recomendável se você precisa instalar o sistema em vários micros, ou se não tem uma conexão rápida disponível.
O default do sistema é simplesmente inicializar em modo live-CD, detectando o hardware da máquina, configurando a rede via DHCP (ao usar uma rede cabeada) e obtendo a resolução do monitor via DDC. Não existem opções para especificar a resolução do monitor manualmente (o lado ruim), mas um assistente é aberto no final do boot em casos em que o monitor não é detectado (o lado bom), permitindo que você especifique as configurações manualmente e prossiga com a abertura do ambiente gráfico.
A rede pode ser configurada utilizando o applet do NetworkManager, disponível ao lado do relógio. Ele permite configurar redes wireless de maneira bastante simples, logo depois de concluído o boot do live-CD. É possível também desativar a configuração via DHCP durante a inicialização usando a opção "netcfg/disable_dhcp=true" na tela de boot.
Com relação ao vídeo, hoje em dia, é muito raro que o sistema não detecte corretamente a resolução do monitor, exceto em casos em que ele realmente não possui um driver disponível, como no caso dos notebooks com placas SiS Mirage 3, onde é preciso que você instale um driver manualmente (veja a dica no
http://www.gdhpress.com.br/blog/driver-sis-mirage3/). É bem diferente do que tínhamos há alguns anos atrás, onde muitas vezes era necessário especificar manualmente o driver de vídeo ou a taxa de atualização do monitor.
Pressionando a tecla F6 na tela de boot você tem acesso à linha de opções para o Kernel, onde pode especificar as opções para solucionar problemas (irqpoll, acpi=off, etc.), caso necessário. Se, por acaso, o boot estiver parando em algum ponto e você quiser ver as mensagens de inicialização para tentar descobrir o que está acontecendo, remova as opções "quiet" e "splash" no final da linha:
O Ubuntu é uma distribuição relativamente pesada, que carrega um grande volume de componentes durante o boot, consumido um pouco mais de 200 MB de memória RAM para o sistema e mais uma certa quantidade para o ramdisk, usado para armazenar as alterações feitas durante o uso, assim como em outros live-CDs. Conforme você instala programas e faz alterações, o ramdisk cresce, até o ponto em que toda a memória e ocupada e o sistema passa a exibir uma mensagem de "disco cheio".
Esse sistema visa permitir que você instale pacotes via apt-get e tenha liberdade para brincar com o sistema antes de instalar (uma vez que tudo é perdido ao reiniciar). Embora a conta de root venha desativada por default, você pode rodar programas como root usando o sudo. Para se logar como root no terminal, basta usar o "sudo su" ou "sudo bash".
Como você vai logo perceber, o Ubuntu fica muito mais lento ao rodar a partir do CD, devido à combinação da baixa taxa de transferência do drive óptico, do trabalho de descompactação dos dados feito pelo processador e pelo uso do ramdisk, que reduz a quantidade de memória RAM disponível para outros usos.
Ao instalá-lo no HD, o instalador desativa estes componentes adicionais, fazendo com que ele passe a se comportar como uma distribuição tradicional, salvando todos os dados no HD.
Uma dica é que em vez de fazer um boot normal, esperando o carregamento do Gnome para só então abrir o instalador, você pode usar a opção "Instalar o Ubuntu" na tela de boot, que faz com que ele abra uma versão pelada do X e rode o instalador diretamente. Em máquinas antigas, isso pode representar uma economia de vários minutos.
Instalando o Ubuntu a partir do live-CD
Para instalar o Ubuntu a partir do live-CD, basta clicar sobre o ícone no desktop. Ao abrir o instalador, as primeiras perguntas são sobre a linguagem, layout do teclado e o fuso-horário. Ao escolher o português do Brasil na tela de boot, o layout do teclado é automaticamente configurado para ABNT2 e o fuso para o horário de Brasília:
Em seguida vem a etapa do particionamento, que é sempre a mais importante em qualquer instalação. Como de praxe, o instalador oferece a opção de alterar o particionamento de forma automática, redimensionando uma das partições existentes (atendendo aos iniciantes), mas conserva a opção de particionar manualmente, que é o que interessa no nosso caso:
O instalador do Ubuntu utiliza uma versão gráfica do Partman como particionador. Ele tem uma raiz comum com o Gparted (ambos são baseados no GNU Parted), mas oferece uma interface bem mais simples. Ele oferece a opção de criar, remover e reformatar partições (incluindo o redimensionamento de partições do Windows), mas você provavelmente preferirá fazer as alterações usando o Gparted, deixando para apenas indicar os pontos de montagem dentro do instalador. O Gparted vem pré-instalado no Ubuntu, e fica disponível através do "Sistema > Administração > Editor de Partições".
É possível redimensionar partições do Windows tanto utilizando o próprio instalador (ao escolher a opção "Guiado", você pode mover a barra, ajustando o tamanho da partição manualmente) quanto utilizando o Gparted. Em ambos os casos, é necessário que você desfragmente a partição através do Windows antes de iniciar a instalação, caso contrário o particionador exibe um aviso e aborta o processo.
A idéia básica ao usar várias partições é indicar um ponto de montagem para cada uma (permitindo que você acesse os arquivos) e usar o "/" para a partição onde será instalada o sistema. A opção "Formatar" deve ser marcada apenas para a partição de instalação, afinal, você não vai querer perder todos os arquivos da sua partição de trabalho por engano.
Assim como na maioria das outras distribuições atuais, as versões recentes do Ubuntu utilizam por default o NTFS-3g ao acessar partições NTFS, permitindo alterar os arquivos.
Além de ter um controle maior sobre o tamanho das partições, outra vantagem do particionamento manual é que você pode usar partições separadas para o diretório home, ou para outros diretórios onde você pretenda armazenar arquivos.
Uma instalação típica do Ubuntu consome pouco mais de 3 GB (entre arquivos do sistema, temporários e caches), de forma que uma partição de 10 a 15 GB para a instalação do sistema está de bom tamanho, deixando uma boa dose de espaço livre para instalar aplicativos adicionais. O Ubuntu utiliza bastante swap em micros com menos de 1 GB de RAM, de maneira que é prudente criar uma partição swap de 2 GB. O restante do espaço pode ser dedicado à partição home, ou outra partição separada para armazenar arquivos.
Sudo e suporte a idiomas
Depois do particionamento, você tem a tela de criação do login administrativo, que será usado por padrão, juntamente com a opção de ativar o login automático durante a inicialização. Essa opção pode ser alterada posteriormente através do "Sistema > Administração > Janela de início de sessão".
Um detalhe sobre o qual você já deve ter ouvido falar dezenas de vezes, mas que de qualquer forma não posso deixar de comentar é que o Ubuntu utiliza o sudo para a execução de programas como root. Em vez de usar o su ou o sux para se logar como root ao executar comandos administrativos, você simplesmente adiciona um "sudo" no início do comando para executá-lo como root, como em "sudo nautilus".
A senha que é solicitada é a sua própria senha de usuário, apenas uma precaução contra a possibilidade de alguém executar comandos na sua máquina aproveitando-se da sua ausência.
Por padrão, a conta de root vem desabilitada, uma medida para incentivar o uso do sudo. Entretanto, nada impede que você defina uma senha de root manualmente e passe a utilizar a conta quando necessário, da mesma maneira que em outras distribuições. Para isso, basta usar o comando "sudo passwd" a qualquer tempo.
Em seguida, é mostrada uma opção de importar configurações a partir do Windows ou de outras distribuições que estejam presentes no HD. A importação resulta em uma mistura entre a configurações padrão do Ubuntu e do sistema anterior, com resultados variados. Você pode experimentar importar uma vez e, se não gostar do resultado, repetir a instalação, desativando a opção.
Em seguida você tem a tela "Pronto para instalar", que exibe um resumo da instalação. Clicando no "avançado" você tem acesso à configuração do gerenciador de boot, onde pode orientar o instalador a gravá-lo na partição (de maneira a não subscrever o gerenciador de boot atual). Por default, o Ubuntu instala o grub na MBR e adiciona outros sistemas operacionais instalados ao menu de boot.
Como em outros live-CDs, o sistema continua funcional durante a instalação, permitindo que você navegue ou jogue algum dos games pré-instalados para matar o tempo.
A menos que você esteja instalando a partir do DVD, o instalador tentará baixar os pacotes de tradução no final da instalação, o que exige uma conexão com a web já configurada. Naturalmente, a instalação não pára se não for possível fazer o download, mas você ficará com uma localização incompleta do sistema e receberá um aviso no próximo boot:
Você pode instalar os pacotes posteriormente através do "Sistema > Administração > Suporte a Idiomas".
Instalando o Ubuntu pelo alternate CD
Uma das queixas com relação à instalação do Ubuntu através do live-CD é que ele torna a instalação mais demorada, já que você precisa primeiro esperar pela inicialização do sistema para depois poder abrir o instalador e começar a instalação propriamente dita. A necessidade de carregar o desktop antes de abrir o instalador também faz com que o sistema consuma mais memória, o que dificulta a instalação em micros antigos.
Como uma forma de minimizar o problema, as versões recentes do Ubuntu passaram a oferecer uma opção de instalação na tela de boot, que faz com que o sistema abra o instalador logo depois de carregar o servidor X, sem carregar o Gnome e os outros componentes do desktop.
Outra opção, ainda mais minimalista é instalar usando o alternate CD (disponível no
http://www.ubuntu.com/getubuntu/downloadmirrors#alternate), que bipassa a abertura da ambiente gráfico completamente, permitindo instalar o sistema diretamente em modo texto. Isso torna a instalação mais rápida e permite que você instale o sistema mesmo em micros com 128 MB de memória RAM, onde o instalador gráfico não abriria, ou onde a demora tornaria a operação inviável. Naturalmente, depois de instalado o sistema, você ainda precisará fazer um certo trabalho de personalização para melhorar o desempenho, mas, pelo menos o problema inicial é solucionado.
O alternate CD utiliza o mesmo instalador em modo texto que era usado nas primeiras versões do Ubuntu (que é, por sua vez, derivado do instalador do Debian). Apesar das diferenças na instalação, o resultado final é exatamente o mesmo do que você obteria ao instalar a versão desktop. Em outras palavras, o sistema é exatamente o mesmo, muda apenas o instalador.
O principal ponto fraco é o instalador pouco amigável. Para quem prefere uma opção mais intuitiva, o ideal é usar um live-CD com o Gparted (você pode usar o Gparted Live, disponível no
http://gparted.sourceforge.net/download.php) para particionar o HD antes de começar. Basta seguir a receita básica de criar a partição para a instalação do sistema e uma partição menor para o swap.
O instalador é bastante simples e robusto, por isso os casos de problemas durante a instalação são raros. Mesmo assim, em alguns casos pode ser necessário desabilitar o ACPI ou APCI ou solucionar outros pepinos manualmente através de opções de boot. Você pode ver as opções disponíveis pressionando as teclas F5, F6 e F7.
Para desabilitar o APIC, por exemplo, use a opção "linux noapic". Na verdade, o instalador não roda em texto puro, ela usa frame buffer. Em algumas poucas situações, a placa de vídeo pode não ser compatível com o modo usado, neste caso experimente a opção "linux vga=771", que usa 800x600 com 256 cores, um modo compatível com praticamente todas as placas.
Pressionando a tecla F4, você tem acesso a um menu adicional, que inclui a opção de fazer uma instalação em linha de comando, o que resulta em uma versão minimalista do sistema, sem o X, o Gnome, ou qualquer outro componente gráfico.
Como pode imaginar, ela faz uma instalação minimalista do sistema, destinada ao uso em servidores (você pode ver alguns exemplos de configuração de servidores de rede local no capítulo 6 do Redes, Guia Prático,
http://gdhpress.com.br/redes/), mas pode ser útil também como uma forma de criar uma instalação minimalista do sistema, que você pode montar manualmente, instalando o X e todos os pacotes desejados via apt-get. A vantagem dessa abordagem é que você pode instalar apenas o que realmente precisar.
A instalação em linha de comando pode ser feita em máquinas com apenas 32 MB de RAM, o que a torna uma boa opção também para reaproveitar micros antigos.
Nas versões recentes do Ubuntu está disponível também a opção "Instalar um servidor LTSP". Ela é uma contribuição da equipe do Edubuntu (uma versão do Ubuntu destinada ao uso em escolas) que instala um servidor de terminais, criando uma configuração básica do LTSP 5. Como pode imaginar, ela é uma boa opção para reaproveitar máquinas antigas, utilizando-as como terminais. No LTSP, o servidor realiza todo o processamento e os terminais exibem apenas as imagens na tela, o que permite utilizar até mesmo micros com processadores Pentium 1 e 32 MB de RAM. Um servidor com um processador dual-core e 2 GB de RAM pode atender a 20 terminais, ou mais.
Assim como na versão regular do Ubuntu, a linguagem e o layout do teclado são definidos logo na tela inicial e são apenas confirmados pelo instalador. A instalação propriamente dita começa com a configuração da rede. Toda a instalação é feia em modo texto, usando uma variação do instalador do Debian. Use as setas e a tecla TAB para navegar entre as opções, Espaço para selecionar e Enter para confirmar.
Apesar de oferecer suporte a muitas linguagens diferentes, o Ubuntu inclui um número relativamente pequeno de pacotes de internacionalização nos CDs de instalação, que não inclui o suporte a português do Brasil. Para instalar na nossa língua, o instalador se oferece para baixar os pacotes necessários via internet no final da instalação.
Para que isso funcione, o instalador detecta a placa de rede e em seguida tenta configurar a rede via DHCP. Você pode também configurar os endereços manualmente, mas o instalador não possui suporte a conexões via modem, ADSL com autenticação, nem à maioria das placas wireless. Só é possível baixar os pacotes durante a instalação se você estiver usando uma conexão de rede local, compartilhada no modem ADSL, ou num outro micro da rede.
O próximo passo é o particionamento, que é feito usando uma versão em modo texto do Partman, o mesmo particionador usado pela versão Live-CD. A principal diferença são as opções para usar LVM e usar LVM criptografado:
Como comentei no tutorial sobre o OpenSUSE, a principal vantagem do LVM é flexibilizar o particionamento, permitindo que você redimensione os volumes lógicos e adicione mais HDs quando precisar de mais espaço, sem nem mesmo precisar reiniciar a máquina. Estes são recursos interessantes para uso em servidores, mas não muito para desktops, justamente por isso as opções são mostradas apenas ao instalar usando o Alternate CD.
Escolhendo o particionamento manual, você tem acesso a uma lista com as partições disponíveis. Ao selecioná-las, você tem acesso a um menu adicional, onde pode definir como ela será usada, especificando o sistema de arquivos que será usado (o EXT3 é o mais recomendável para uso geral), o ponto de montagem e as demais opções:
A flag "sync", por exemplo, que pode ser marcada ao acessar as opções de montagem, faz com que a partição seja acessada em modo síncrono (sem o uso de cache de disco), o que reduz o desempenho, mas em troca melhora a segurança contra perda de dados em caso de quedas de luz ou desligamentos acidentais. O uso não seria aconselhável para uso na partição de instalação do sistema (o desempenho ficaria muito ruim), mas ela pode ser usada em uma partição separada, destinada a armazenar arquivos e configurações, por exemplo.
A opção "Blocos reservados" especifica uma percentagem do espaço da partição que fica reservado ao uso do root (o default são 5%). Este espaço reservado é importante na partição raiz, para evitar que o sistema deixe de inicializar caso você se descuide e entupa a partição com arquivos diversos, mas pode ser desativado em outras partições, destinadas a apenas armazenarem arquivos.
No caso de um HD já particionado, você usaria a opção "Remover a partição" para excluir algumas das partições antigas e liberar espaço para criar outras. Note que está disponível também a opção "Copiar os dados de outra partição", que permite transferir os dados de uma partição antiga durante o próprio processo de particionamento. Ao terminar, use o "Finalizar a configuração da partição".
O processo se repete para cada partição que precisar criar ou modificar. Não se esqueça de criar uma partição pequena para o swap (basta escolher "swap" na opção "usar como") e, de preferência, criar uma partição separada para o diretório home, ou para armazenar arquivos. Se por acaso você tiver um segundo HD disponível (sobra de algum upgrade anterior, por exemplo), uma boa coisa é montá-lo em outro diretório e usá-lo para backup:
Por padrão, o instalador monta as outras partições que encontrar no HD (incluindo as partições do Windows e de outras distribuições), na pasta "/media", mas você pode mudar para a pasta "/mnt" ou outra pasta que preferir. O instalador detecta e usa as partições swap automaticamente, mesmo que o HD eventualmente tenha mais de uma. Ao terminar, selecione a opção "Finalizar o particionamento e gravar as mudanças no disco" (no final da lista), para continuar com a instalação.
Caso você tenha dois ou mais HDs, o instalador oferece a opção de usar
RAID via software, onde duas partições (uma de cada HD) são combinadas (RAID 0) e o sistema passa a acessá-las como se fosse uma partição só, dividindo os dados entre elas. Isso aumenta o desempenho, mas diminui a confiabilidade, pois qualquer problema com um dos dois HDs faz com que todos os dados sejam perdidos.
Existe também a opção de usar RAID 1, onde a partição no segundo HD simplesmente guarda uma cópia dos dados do primeiro. Neste caso não existe ganho nenhum de desempenho (pelo contrário, temos uma pequena perda), mas você ganha em confiabilidade, já que o segundo HD passa a armazenar um backup automático. Este sistema de RAID via software funciona da mesma forma que o RAID feito usando uma controladora dedicada, porém funciona usando as portas IDE ou SATA da placa-mãe, sem precisar de hardware adicional.
Para usar as partições em RAID você precisa mudar o sistema de arquivos para "volume físico para RAID". Depois de combinadas, as duas partições passam a ser vistas como uma única partição, que pode ser finalmente formatada usando o sistema de arquivos que preferir.
Depois da cópia dos pacotes, o instalador pergunta sobre o download dos pacotes com as traduções. Embora seja mais fácil deixar que o instalador se encarregue disso, é possível instalar manualmente depois, usando o apt-get ou o Synaptic.
Depois de definidas as senhas, o passo final é configurar o gerenciador de boot. O Ubuntu usa do grub ao invés do lilo. Caso você esteja instalando ele sozinho, ou em dual-boot com o Windows, basta instalar o grub no MBR, respondendo "sim" quando ele pergunta "Instalar o carregador de inicialização GRUB no registro de inicialização principal?". Assim como ao instalar usando o Live-CD, o instalador é capaz de detectar outros sistemas operacionais instalados e já inclui as entradas no menu de boot automaticamente.
Se, por outro lado, você está instalando o Ubuntu junto com outras distribuições Linux, essa etapa inspira mais cuidados. Uma das distribuições deve instalar o gerenciador na MBR e as demais no primeiro setor da partição. Se você simplesmente for mandando todas instalarem na MBR, uma vai substituir a outra e no final vai conseguir inicializar apenas a última.
Para instalar o grub no primeiro setor da partição, responda "não" na pergunta e especifique a partição de instalação do sistema seguindo a nomenclatura do grub. Se você está instalando na partição "/dev/sda2", por exemplo, responda "hd0,1", se está instalando "/dev/sda5", responda "hd0,4" e assim por diante.
Outra dica é que se você fez alguma escolha errada ao longo da instalação, pode corrigir o erro no final. Respondendo "não" quando o instalador pergunta se você quer reiniciar a máquina, você tem acesso a um menu que permite repetir qualquer passo da instalação.
Instalando na partição do Windows com o Wubi
O Ubuntu inclui também (desde a versão 8.04) uma opção de instalação através do Windows, usando o
Wubi. Ele é um pequeno aplicativo disponível no diretório raiz do CD, que pode ser executado diretamente dentro do Windows XP ou Vista.
Ele se encarrega de instalar o sistema dentro de um arquivo de imagem (de 4 ou 8 GB), salvo na pasta "C:ubuntu" e alterar a configuração do gerenciador do boot do Windows, de forma que você passa a ter a escolha entre iniciar o Windows ou o Ubuntu a cada boot, criando um sistema alternativo de dual-boot.
Durante o boot, a configuração criada pelo Wubi faz com que a imagem binária onde o sistema está instalado seja montada como se fosse uma partição, permitindo que o sistema inicialize de forma normal. A instalação é completamente funcional, permitindo a instalação de programas e todas as demais funções. Não se trata de uma máquina virtual ou de algum sistema de emulação, mas sim de uma instalação completa do sistema, que é carregada a partir do gerenciador de boot do Windows.
O uso da imagem permite que o Ubuntu seja instalado dentro da partição do Windows (funciona mesmo em partições NTFS), o que facilita as coisas para os iniciantes, já que elimina a necessidade de reparticionar o HD.
As limitações são que o desempenho do sistema é um pouco inferior (já que temos uma partição virtual, dentro de uma imagem binária, dentro de uma partição NTFS) e que o espaço dentro da partição de instalação é limitado. Em vez de poder escolher livremente o tamanho da partição, você pode apenas escolher entre criar uma imagem de 4 GB (onde você dispõe de pouco mais de 1 GB livre) a 8 GB (com progressivamente mais espaço disponível), sem opção de especificar outros tamanhos. Ao instalar em uma partição com pouco espaço livre, é importante desfragmentá-la antes da instalação, para evitar que a imagem de instalação fique fragmentada em diversos pontos do HD, reduzindo o desempenho.
Apesar das limitações, o Wubi é uma forma bastante simples de instalar o sistema, que pode ajudar em diversas situações. Ele é também uma opção ao uso do sistema dentro de uma máquina virtual para fins de teste. A instalação é ridiculamente simples: basicamente, você precisa apenas definir uma senha e clicar no "Instalar":
Depois de concluída a cópia inicial, ele pede para reiniciar o micro. Ao inicializar o Ubuntu pela primeira vez, o instalador conclui a instalação, criando um arquivo de swap (dentro da imagem) e executando os demais passos da instalação de forma automática (o que demora uns 15 minutos). Concluído o processo, o sistema está pronto para ser usado, basta reiniciar e escolher o "Ubuntu" no menu de boot. Para desinstalar, basta usar o "Uninstall-Ubuntu.exe", dentro da pasta "C:ubuntu".
O Ubuntu utiliza uma configuração clássica do Gnome, com duas barras. A barra superior, com o iniciar e os atalhos para os programas é inspirada no MacOS clássico, enquanto a barra interior, com os botões das janelas ativas acabou sendo uma evolução natural do conceito, já que não apenas no Windows, mas na maioria dos outros sistemas, o chaveamento entre os programas abertos é feito através de botões na barra inferior:
Este sistema com duas barras permite usar mais atalhos para programas e gadgets, já que você tem uma barra reservada apenas para eles, o problema é que as duas barras reduzem o espaço útil, o que é um problema sobretudo nas telas widescreen, onde temos apenas 600 ou 800 pixels de resolução vertical.
Naturalmente, esta configuração padrão é apenas uma sugestão, que você pode personalizar a gosto. Uma configuração comum é simplesmente mover a barra superior para a base da tela, mantendo as duas barras:
Para isso, basta destravar a barra (clicando com o botão direito sobre ela e usando a opção "Permitir movimento do painel") e, na janela de propriedades, alterar a orientação de superior para inferior:
Você pode também eliminar completamente a segunda barra, transferindo todos os applets que deseja usar para ela e em seguida eliminar a barra que não será mais usada. Essa é uma configuração muito comum, pois aumenta a área útil da tela.
Configuração dos applets
Clicando sobre uma das barras existentes, você verá um menu como o do screenshot a seguir. Aqui você pode adicionar applets à barra de tarefas (relógio, monitor de sistema, lista de janelas, menu, etc.), adicionar atalhos para aplicativos do menu, além de configurar a largura da barra, criar novas barras ou simplesmente deletá-la. A barra em si é apenas um espaço para incluir os applets que você usa:
Os applets básicos são o "Lista de Janelas", que corresponde à barra de tarefas, o "Barra de menu", que corresponde ao conjunto dos menus "Aplicativos", "Locais" e "Sistema", a lixeira, o monitor de carga de bateria (ao usar um notebook), o botão "Mostrar área de trabalho" e o relógio.
Além dos applets mais conhecidos, é possível adicionar um conjunto muito grande de outros applets, incluindo monitores de sistema, monitores de rede e modem, utilitários para trocar o layout do teclado e acessórios diversos.
Clicando sobre qualquer um dos componentes adicionados à barra de tarefas você tem acesso a mais um menu, que permite mover ou editar as propriedades. No caso do applet para medir a freqüência do processador, por exemplo, é possível fazer com que seja exibido apenas o ícone (em vez do ícone e o texto), de forma de ele ocupe menos espaço na barra de tarefas. O mesmo vale para o relógio, que pode ser ajustado para mostrar apenas a hora em vez de a hora, a data, a previsão do tempo e a pia da cozinha:
Outro applet interessante é a gaveta, que permite adicionar sub-menus, contendo ícones adicionais. Ela é bastante prática para agrupar ícones de aplicativos que você usa com freqüência, sem precisar deixar todos visíveis na barra principal. Com a gaveta você pode ter vários ícones no espaço de um:
Um painel de controle para o Ubuntu
Diferente do KDE (e também do Windows), onde as opções de configuração são exibidas dentro do menu iniciar, o Gnome utiliza três menus separados: "Aplicativos" (o bom e velho iniciar), "Locais" (atalhos para as pastas, partições e compartilhamentos de rede) e "Sistema", que agrupa as opções de configuração. Essa divisão foi criada para facilitar a organização, seguindo a filosofia de dividir as opções de acordo com a função, mas ela tem também um ponto ruim, que é o fato de consumir mais espaço na barra:
Nas primeiras versões, o Ubuntu não oferecia nenhum utilitário para editar o menu iniciar (o que levou ao aparecimento de diversas opções de editores), mas esse problema foi logo resolvido. O editor de menus pode ser acessado através do "Sistema > Preferências > Menu Principal", ou simplesmente clicando com o botão direito sobre o "Aplicativos".
Uma característica digna de nota é que você pode selecionar os ícones que serão exibidos, marcando-os ou desmarcando-os na lista. Isso permite remover aplicativos que não usa do menu, sem precisar desinstalá-los nem deletar os ícones. Por default, o sistema oculta os ícones de diversos aplicativos, mas você pode ativá-los rapidamente.
Um ícone bastante útil, que vem desativado por padrão (pelo menos até o Ubuntu 8.10) é o "Sistema > Centro de Controle", um utilitário que agrupa as funções que estão originalmente espalhadas pelo "Sistema Preferências" e o "Sistema Administração" em uma única janela:
Como de praxe, você pode também usar o editor de menus para criar novas pastas e novos atalhos, reorganizando o menu como desejar. Você pode também criar atalhos para comandos que usa com freqüência, como por exemplo comandos do rdesktop para acessar servidores remotos, a fim de executá-los com um único clique, basta usar a opção "Aplicativo de terminal" no "Tipo". Você pode também criar atalhos para bastas, usando a opção "Localização":
Assim como em outros utilitários do Gnome, o editor de menus não oferece um botão "aplicar". Todas as alteração são simplesmente salvas diretamente nos respectivos arquivos de configuração, conforme alteradas. Por um lado isso torna a configuração mais dinâmica, já que você não precisa se lembrar de aplicar as configurações antes de sair, mas por outro torna mais fácil cometer erros. No caso do editor de menus existe um botão "Reverter", mas outros utilitários simplesmente esperam que você se lembre o que alterou caso queira voltar à configuração anterior.
Editor de configurações
Assim como o KDE, o Gnome não é um simples gerenciador de janelas, mas sim um "desktop", com um conjunto de bibliotecas, ferramentas de desenvolvimento e vários programas que facilitam o uso e configuração do sistema. Com exceção do Kernel e drivers, tanto o Gnome quanto o KDE são praticamente sistemas operacionais completos.
As principais diferenças entre os dois são a biblioteca usada e a filosofia de desenvolvimento. O Gnome é baseado na biblioteca GTK2, quanto o KDE usa a Qt. O KDE segue uma filosofia "mais é mais", onde temos um ambiente com muitas opções de configuração, que agrada a usuários avançados. O Gnome por sua vez utiliza uma filosofia "menos é mais", onde os aplicativos e menus conservam apenas as opções mais usadas e mais importantes, de forma a facilitar o uso, o que, por sua vez, torna o uso do sistema mais simples, o que agrada muitos iniciantes.
As limitações da filosofia do KDE se tornam óbvias quando você começa a encontrar opções com o mesmo nome, mas que servem para coisas diferentes dentro dos menus e a se perder no meio das opções do Centro de Controle, enquanto no caso do Gnome as limitações surgem quando você quer fazer algo e simplesmente percebe que não existe uma opção para isso.
O Gnome oferece um conjunto relativamente grande de utilitários de configuração, disponíveis no "Sistema > Preferências", que agrupa as opções visuais e outras configurações particulares, que são armazenadas em arquivos no seu diretório home e podem ser alteradas sem usar o sudo ou o root.
As funções consideradas mais "avançadas" (como exibir um ícone da lixeira no desktop, ou reduzir o tamanho dos botões no Nautilus) ficam disponíveis através do "gconf-editor", uma espécie de "editor de registro", que permite alterar as opções e variáveis incluídas nos arquivos de configuração manualmente:
Ele não é um aplicativo muito amigável, pois a idéia é que você o use apenas para alterar opções específicas, citadas em dicas ou em tutoriais. Apesar disso, nada impede que você saia fuçando nas opções, para descobrir o que cada uma faz. A dica nesse caso é que você crie uma nova conta de usuário e se logue com ele na hora de fuçar, evitando assim bagunçar suas configurações.
O Ubuntu Tweak (
http://ubuntu-tweak.com/) é um painel gráfico que torna muitas destas configurações acessíveis, aumentando bastante a flexibilidade da interface. Ele é feito especialmente para o Ubuntu e as novas versões companham os lançamentos da distribuição, o que torna a instalação bastante simples.
$ sudo dpkg -i ubuntu-tweak_0.4.4-1~intrepid1_all.deb
Você pode também adicionar as linhas dos repositórios, especificadas na página, no arquivo "/etc/apt/sources.list" e instalá-lo diretamente via apt-get, usando o "apt-get update" e "apt-get install ubuntu-tweak".
A vantagem de adicionar os repositórios em vez de simplesmente instalar o pacote diretamente é que você pode atualizá-lo posteriormente via apt-get, juntamente com os demais pacotes do sistema. Essa é sempre a maneira mais "limpa" de instalar programas.
O pacote cria um ícone no iniciar, o "Aplicativos > Sistema > Ubuntu Tweak" e você pode também chamá-lo via terminal, através do comando "ubuntu-tweak". Aqui vai um pequeno resumo das opções:
Computador: É apenas um menu de informações não editáveis. Mostra informações como a versão do kernel, versão do Gnome, processador usado, quantidade de memória instalada e outras informações sobre o sistema.
Aplicativos: Este é um menu com funções adicionais para instalação e gerenciamento de pacotes, com funções para limpar o cache do apt-get (o "Limpeza de pacotes"), editar o arquivo sources.list e, mais interessante, um conjunto de "ícones mágicos" para instalar aplicativos adicionais, incluindo o VirtualBox, Wine e diversos outros aplicativos pré-selecionados.
Inicialização: Os aplicativos, serviços e applets que são carregados pelo Ubuntu durante o boot podem ser divididos em dois grupos: serviços de sistema, como o "bluetooth", "cups" e outros e componentes do Gnome, que são carregados durante a abertura do ambiente gráfico.
Os serviços de sistema podem ser desativados através do "Sistema > Administração > Serviços", mas não existe uma maneira prática de visualizar ou desativar os componentes que são carregados conjunto com o Gnome, mais um problema que o Ubuntu Tweak ajuda a resolver.
Alguns componentes que são fortes candidados a serem desativados são o "Assistência Visual", "Tracker" (o serviço de inexação de arquivos), "blueproximity" (pode ser configurado para travar o desktop quando você se afasta, monitorando a proximidade de um celular com Bluetooth, mas na maior parte do tempo serve só para travar o desktop em momentos inoportunos), "Verificar por novos drivers", "Evolution Alarm Notifier" (se você não usa a agenda do Evolution, não precisa dele, "Área de trabalho remota", "Gerenciador Bluetooth" (ele fica ativo em background mesmo quando não existe nenhum adaptador Bluetooth plugado) e o "Gnome Login Sound".
Área de trabalho: Ao contrário do que o nome pode sugerir, essa seção possui algumas opções bem interessante, que vão desde ajustes simples, como mostrar o ícone da lixeira na área de trabalho (permitindo que você remova o applet na barra de tarefas e libere um pouco mais de espaço para as janelas abertas), até opções para mudar o comportamento das janelas.
Pessoal: Uma das críticas de muitos contra os painéis do Gnome é que não existe uma opção para personalizar os atalhos de teclado (a única maneira de personalizá-los é através do gconf-editor) o que é mais uma carência suprida pelo Ubuntu Tweak. Outro facilitador interessante é o menu de edição de scripts, que permite que você ative scripts com junções adicionais para o Nautilus (que são exibidos quando você clica com o botão direito sobre os arquivos), incluindo opções para converter imagens, abrir programas como root e assim por diante.
Sistema: Aqui estão disponíveis opções para alterar as associações de arquivos do sistema, ativar o uso de overburning (que permite espremer um pouco mais dados no CD ou DVD, ignorando o limite de tamanho e gravando até o final do espaço da mídia) no gravador, entre outras opções relacionadas ao Nautilus, ajustar as opções de gerenciamento de energia e também bloquear funções do sistema, como os menus de salvar arquivos para o HD, bloquear tela e assim por diante.
Explorando o Nautilus
O Nautilus é o gerenciador de arquivos default do Gnome. Assim como outros componentes do Gnome, ele oferece uma interface bastante simples, que enfatiza a usabilidade sobre o volume de funções. Ao contrário do Konqueror, que também é navegador, o Nautilus se concentra na tarefa de gerenciador de arquivos, deixando a parte de navegação em aberto para que você escolha entre o Firefox, Opera ou outro navegador dedicado.
Você notará que, mesmo como gerenciador de arquivos, ele oferece uma quantidade muito menor de opções e recursos que o Konqueror, fazendo com que muita gente que vem do KDE, ou mesmo do Windows estranhe bastante. Novamente, caímos na questão do "mais" ou do "menos": o Nautilus oferece menos opções mas em geral é mais simples de usar, o que faz com que algumas pessoas sejam mais produtivas com ele. É mais uma questão de escolha pessoal nesse caso.
Um bom exemplo disso é a barra de exibição de endereços. Por default, o Nautilus exibe a localização na forma de um conjunto de botões clicáveis, o que impede que você digite endereços diretamente, como em outros gerenciadores. Entretanto, basta clicar no ícone da folha do lado esquerdo para ter acesso à barra em texto. Ele também não exibe os diretórios e arquivos de configuração ocultos por default, mas você pode ativar a exibição marcando o "Ver > Mostrar arquivos ocultos".
Outro exemplo é o recurso de dividir a janela que está disponível no Konqueror (Janela > Dividir a janela em topo/base), que permite criar dois quadros independentes, que facilitam a cópia de arquivos, que podem ser simplesmente arrastados de um quadro para o outro.
No caso do Nautilus, a opção de divisão não está disponível, mas você pode copiar arquivos de uma pasta para outra (sem precisar abrir duas janelas) abrindo uma segunda aba (Ctrl+T) e arrastando os arquivos de uma aba para a outra. O suporte a abas está disponível a partir da versão 2.24.
O default do Nautilus é mover os arquivos quando o destino é uma pasta na mesma partição e copiar quando o destino é em uma partição diferente (como ao copiar arquivos para um pendrive, por exemplo):
Por default, o Nautilus usa ícones grandes com legendas em texto, que desperdiçam bastante espaço da tela. Você pode mudá-los para ícones menores, sem legendas, como no screenshot anterior, acessando o gconf-editor e alterando o valor da chave "/desktop/gnome/interface/toolbar_style" de "both" para "icons".
Outras opções relacionadas ao Nautilus que você pode querer alterar são
/apps/nautilus/preferences/always_use_browser: Desmarcando essa opção, o Nautilus passa a abrir janelas em modo simplificado e abrir cada nova pasta em uma nova janela, em vez de usar o modo de navegação. Este modo foi batizado de "nautilus spatial browsing", e chegou a ser usado em versões antigas do Gnome, com reações mistas.
/apps/nautilus/preferences/always_use_location_entry: Por default, o Nautilus mostra ícones na barra de localização e você precisa clicar no ícone da folha à esquerda para que ele exiba a localização em texto. Ativando esta opção, o default se inverte.
/apps/nautilus/preferences/enable_delete: Como uma proteção contra a perda acidental de arquivos, o Nautilus não mostra uma opção para apagar arquivos diretamente por default, obrigando o usuário a primeiro mover os arquivos para a lixeira, para só então conseguir deletá-los. Essa opção faz com que a opção de deletar diretamente seja exibida no menu.
/apps/nautilus/icon_view/thumbnail_size: Uma boa forma de reduzir o uso de memória do Gnome é desativar a exibição das miniaturas para arquivos (sobretudo para os arquivos de vídeo) nas preferências. Se, por outro lado, você gosta das miniaturas (elas são extremamente úteis em pastas com várias imagens, por exemplo), pode ajustar o tamanho default através dessa opção, especificando a largura desejada em pixels.
Ícones no desktop: Por algum motivo, muitos desenvolvedores possuem uma espécie de fetiche por desktops sem ícones, o que talvez tenha algo a ver com o fato do desktop do Ubuntu exibir apenas os ícones de dispositivos. Se você prefere ver os ícones do computador, home e da lixeira, pode ativá-los através das opções "/apps/nautilus/desktop/trash_icon_visible", "/apps/nautilus/desktop/home_icon_visible" e "/apps/nautilus/desktop/computer_icon_visible".
Outra dica importante é que o Nautilus é também capaz de acessar compartilhamentos e pastas remotas através de diversos protocolos diferentes.
Um dos melhores exemplos da facilidade é o "sftp://", que permite acessar arquivos em outras máquinas Linux que estejam com o servidor SSH (o pacote "openssh-server") ativado. Basta digitar "sftp://" na barra, seguido pelo login de acesso e o endereço da outra máquina (pode ser o IP, ou o nome de domínio), como em "sftp://gdh@192.168.1.23":
Os arquivos da outra máquina são exibidos como se fossem arquivos locais, permitindo que você edite arquivos, copie e cole, ou até mesmo arraste arquivos de uma janela para a outra. A principal dica é ajustar as opções de visualização no "Editar > Preferências > Visualização" para que ele exiba as miniaturas apenas para arquivos locais. Usando o "Sempre" ele tenta exibir as miniaturas também nas pastas remotas, o que torna tudo muito mais lento e consome muita banda, uma vez que ele precisa ler cada arquivo antes de gerar a miniatura.
O sistema funciona muito bem também para acessar máquinas via Internet (muitos administradores de sistemas o usam para transferir arquivos e editar arquivos de configuração em servidores, por exemplo), oferecendo uma opção bastante prática e segura.
Ao acessar um endereço pela primeira vez, você tem a opção de salvar a senha no chaveiro, para que não precise digitá-la novamente a cada conexão. Outra dica é salvar o endereço como favorito, para agilizar o acesso das próximas vezes.
Você pode também acessar compartilhamentos do Windows, usando o "smb://", que tem uma função similar. Basta usá-lo indicando o nome ou endereço do servidor e o compartilhamento que será acessado, como em "smb://servidor/arquivos" ou "smb://192.168.1.254/arquivos". Se o servidor estiver configurado para aceitar logins sem senha, os arquivos são acessados diretamente, caso contrário o Nautilus exibe um prompt pedindo o login e senha do compartilhamento.
Essa mesma função é usada pela opção "Locais > Conectar ao Servidor > Compartilhamento do Windows", que simplesmente pergunta qual é o servidor, compartilhamento, domínio (caso usado) e o login usado e faz o acesso usando o Nautilus.
Mais opções de configuração
Em vez de utilizar um painel de controle centralizado, como no caso do Mandriva e do OpenSUSE, o Ubuntu simplesmente utiliza um conjunto de utilitários de configuração organizados nos menus "Sistema > Preferências" e "Sistema Administração". A lista combina os utilitários oferecidos pelo Gnome (que também estão disponíveis em outras distribuições) com algumas ferramentas próprias.
A grande diferença entre as duas seções é que, via de regra, a opções dentro do "Preferências" alteram apenas as suas configurações de usuário, manipulando arquivos de configuração salvos dentro do diretório home, enquanto o "Administração" agrupa as opções que alteram a configuração do sistema e são acessadas através do sudo.
Quase tudo que falei até aqui se enquadra na primeira categoria. Antes de começar a falar sobre o gerenciamento de pacotes e outras tarefas "administrativas", vamos a um apanhado geral sobre as outras opções de personalização:
Aparência: Esta é a seção obrigatória, com as configurações visuais do sistema, incluindo a definição do tema, papel de parede e a configuração dos efeitos. Uma boa medida para reduzir o uso de processamento (que resulta em uma melhoria perceptível em máquinas com processadores lentos, como no caso dos Netbooks) é desativar os efeitos visuais. Esta seção inclui também a configuração das fontes, sobre a qual falei no tópico anterior. Um bom lugar para baixar papéis de parede e temas adicionais é o
http://www.gnome-look.org/ Aplicativos preferenciais: Ao contrário do que o nome sugere, essa opção (pelo menos até o Gnome 2.24) não permite ajustar as associações de arquivos, mas sim apenas definir os aplicativos preferidos para algumas tarefas específicas (Navegador Web, Reprodutor de multimídia, Terminal, etc).
As associações de arquivos são definidas através do Nautilus: clicando com o botão direito sobre um arquivo e acessando o "Propriedades > Abrir com" você tem acesso ao menu de seleção, onde pode definir o aplicativo usado para abrir arquivos com a mesma extensão. Por default, ele mostra apenas os aplicativos que são associados com a extensão de arquivo selecionada, mas você pode especificar outros manualmente:
Área de trabalho remota: Esta opção abre o Vinagre, que é o aplicativo padrão de acesso remoto nas versões recentes do Gnome, similar à dupla Krfb e Krdc, que é usada no KDE.
Assim como diversos outros aplicativos similares, ele funciona como uma interface de configuração para o bom e velho VNC, que é quem faz o trabalho pesado. Ao ativar o compartilhamento da tela, usuários em outros PCs da rede poderão se conectar ao seu usando qualquer cliente VNC, incluindo, naturalmente, o próprio cliente do Vinagre, disponível no "Aplicativos > Internet > Visualizador de Área de trabalho remota".
Para que as conexões via internet funcionem, é necessário configurar o modem ADSL ou gateway da rede para encaminhar a porta 5900 para o seu PC. Nas configurações, existe também a opção de usar uma porta alternativa e de ativar o uso de encriptação para a conexão (o que ativa o uso de encriptação AES de 256 bits). O problema com o uso de encriptação é que ele é um recurso específico do Vinagre que, por enquanto, não é suportado por outros clientes VNC.
Atalhos de teclado: Assim como a opção de associação de arquivos, esta opção inclui a configuração apenas dos atalhos para funções mais comuns; as demais precisam ser definidas através do gconf-editor.
Bluetooth: Se o seu PC não possui um transmissor Bluetooth, o menu permite apenas escolher entre mostrar ou não o ícone do Bluetooth ao lado do relógio, que (sem o transmissor) não servirá para muita coisa de qualquer forma. Ao plugar ou ativar o transmissor, entretanto, ele passa a exibir uma aba adicional, através da qual você pode parear novos dispositivos ou definir se seu PC ficará em modo visível ou oculto. As opções de enviar e receber arquivos, por sua vez, ficam disponíveis ao clicar com o botão direito sobre o applet ao lado do relógio.
Para quem usa apenas o PC, o Bluetooth acaba sendo um recurso desnecessário, mas ele se torna bastante útil quando combinado com um smartphone, permitindo transferir arquivos e fotos de forma rápida, usar a conexão 3G com a web no PC, fazer backup dos arquivos e contatos e assim por diante, tudo sem precisar conectar o cabo USB.
Controle de volume: Apesar da função dessa opção ser bastante básica, ela esconde alguns truques. Clicando no "Preferências" você pode ativar a exibição de controles adicionais (muitas placas possuem mais de 20 ajustes independentes) e na aba "Chaves" estão disponíveis algumas opções adicionais, como a de ativar ou desativar a saída do fone de ouvido. As opções disponíveis variam de acordo com a placa de som usada e os recursos suportados pelo módulo do Kernel e pelo servidor de som.
Criptografia e chaveiros: O Gnome utiliza o Seahorse para gerenciamento de senhas e chaves de criptografia, permitindo que você salve senhas de acesso, passphrases e outras informações (como as chaves de acesso de redes wireless) em um único chaveiro, protegidas por uma senha mestra. A grande observação é que esta opção se destina apenas a gerenciar chaves PGP (usadas para encriptar e-mails). A configuração do chaveiro do sistema vai no "Aplicativos > Acessórios > Senhas e chaves de criptografia".
Gerenciamento de energia: Aqui vão as clássicas configurações de energia, incluindo o tempo de desligamento do monitor, comportamento do botão de desligar, ajuste de brilho da tela e outras. Se você usa um notebook, uma boa adição é o applet para ajustar a freqüência do processador (botão direito sobre a barra > Adicionar ao painel > Monitor de graduação de freqüência da CPU), que permite ajustar rapidamente a frequência de operação do processador, limitando-o à frequência mínima quando quiser aumentar a autonomia, por exemplo.
Nas versões recentes, o Ubuntu oferece também um bom suporte ao suspender, que permite colocar o notebook para dormir, preservando os dados da memória RAM, mas desligando todos os demais componentes. O suspender é um recurso importante para quem precisa fazer tarefas rápidas repetidamente ao longo do dia, pois evitar ter que ligá-lo e desligá-lo (esperando os clássicos dois minutos a cada boot) a todo momento. A maioria dos notebooks possuem uma autonomia superior a 36 horas em modo de suspensão.
A principal observação é que todos estes recursos dependem que o suporte a ACPI esteja ativado, o que deixa de fora os PCs e notebooks com placas problemáticas, onde você precisa usar o "acpi=off", ou similar na tela de boot, ou modelos baseados em chipsets que ainda não são bem suportados pelo kernel.
Impressora Padrão: Ao instalar várias impressoras, é importante definir qual será a impressora padrão, uma vez que ela é usada sempre que você usa as opções de impressão rápida, ou não altera a impressora na janela de seleção.
Janelas: Essa opção inclui opções básicas para o comportamento das janelas, incluindo a opção de selecionar janelas automaticamente quando o cursor do mouse passa sobre elas, maximizar ao clicar sobre a barra de títulos e modificar a tecla usada para mover as janelas para fora da área visível.
Menu Principal: Este é um atalho para o editor de menus, que pode ser acessado também clicando com o botão direito sobre o "Aplicativos".
Network Configuration: Um atalho para a configuração manual da rede, que pode ser acessado também clicando com o botão direito sobre o applet do NetworkManager ao lado do relógio.
Proxy da rede: Este é mais um pequeno utilitário, que permite definir o proxy padrão do sistema, que será usado pelo apt-get e pela maioria dos utilitários do sistema, incluindo o atualizador de pacotes. Entretanto, o proxy padrão não é usado pela maioria dos aplicativos (incluindo o Firefox), que possuem opções próprias de configuração do proxy. No Firefox, por exemplo, o proxy é configurado através do "Editar > Preferências > Avançado > Rede> Conexão".
Rato (Mouse): Aqui estão disponíveis as clássicas configurações relacionadas ao comportamento do mouse (também chamado de rato nas terras além mar :), incluindo a aceleração, intervalo do clique duplo e outras. Uma opção adicionada nas versões recentes do Gnome que pode ser útil é a de mostrar a posição do cursor quando a tecla Ctrl é pressionada.
Uma dica para quem usa um mouse externo no notebook e quer evitar toques acidentais no touchpad é desativar a opção "Touchpad > Habilitar cliques do mouse com o touchpad", que desativa os cliques com toques sobre o leitor, mantendo apenas os botões de hardware.
Resolução da tela: Tradicionalmente, alterar a resolução da tela no Linux demandava ajustes manuais no arquivo xorg.conf. Entretanto, isso mudou nas versões recentes do X.org, graças à detecção automática dos modos suportados pelo monitor, combinado com uma nova interface que permite o ajuste da resolução sem precisar de acesso de root, o que levou ao aparecimento de ferramentas como o kcmdisplay (no KDE) e o gnome-display-properties, iniciado através desta opção.
Ele permite ajustar a resolução e a taxa de atualização do monitor e, em chipsets suportados, também girar a imagem, o que permite tirar proveito da opção de uso vertical disponível em muitos monitores. Se você possui uma placa de vídeo com duas saídas de vídeo, pode também ativar e configurar a segunda tela através dele.
A grande limitação do gnome-display-properties é que ele se limita a oferecer as opções detectadas pelo sistema. Se ele não detectou corretamente a resolução do monitor, ou se não conseguiu ativar a saída HDMI ou o segundo monitor, por exemplo, sua única opção é abrir o terminal e voltar ao velho processo de configuração manual e instalação de drivers.
Sessões: A principal função dessa opção é configurar os aplicativos que serão carregados durante a abertura do sistema. No Linux, os serviços e aplicativos carregados durante o boot podem ser divididos em dois grupos: os carregados pelo sistema e os carregados pelo usuário.
Os carregados pelo sistema são quase sempre serviços, referenciados nos arquivos de configuração. Você pode fazer com que comandos sejam executados automaticamente adicionando-os a um dos arquivos de configuração (como o /etc/rc.local) mas em um desktop isso se restringe a tarefas específicas.
Os aplicativos executados como usuário, por sua vez, são carregados juntamente com o Gnome ou o KDE, incluindo aí qualquer aplicativo gráfico, ou que não seja executado como root. São justamente estes que são configurados através do applet. Se você quer adicionar um atalho para que o Synergy seja aberto automaticamente, ou quer desativar o tracker (a ferramenta de indexação de arquivos do Gnome) ou o gerenciador de drivers restritos, aqui é o lugar:
Na aba de opções, existe também a opção de lembrar os aplicativos em execução ao encerrar a sessão que, assim como o recurso de salvar as abas abertas do Firefox, acaba sendo bastante útil se você liga e desliga o PC com frequência, já que evita que você perca tempo abrindo manualmente os aplicativos que utiliza a cada boot. Existe também a opção de criar uma configuração fixa, onde o sistema passa a carregar o conjunto de aplicativos atualmente em execução.
Som: Além de permitir ajustar os sons do sistema (como seria de se imaginar), essa opção permite definir os dispositivos de som usados, o que é útil na hora de solucionar problemas com o áudio ou em situações em que você tem mais de uma placa de som (como em casos em que você usa uma placa de som USB para as chamadas de VoIP) e quer que a segunda placa seja usada para outras funções.
O suporte a placas de som no Linux é um assunto bem mais complicado do que deveria, devido à variedade de conjuntos de drivers e de servidores de som. Isso faz com que, dentro de cada opção, você tenha um conjunto de opções para cada dispositivo de som, incluindo as opções de usar o OSS, o Alsa ou o PulseAudio, o que acaba lhe obrigando a testar cada uma das opções até encontrar a que funciona melhor.
Um complicador é que ao usar uma das opções do Alsa ou do OSS, muitos aplicativos deixarão de conseguir acessar o som, já que esperam que a placa seja acessada através do PulseAudio. Veja o tópico sobre ele mais adiante para mais detalhes.
Teclado: Como era de se esperar, essa opção permite ajustar o layout do teclado (use o "ABNT2 Brasileiro" para os teclados nacionais ou o "PC (Intl) Genérico de 105 teclas" para os com layout americano) e também as opções de acessibilidade (teclas de aderência e outras).
A opção "Disposições > Outras opções" esconde um grande volume de opções com preferências adicionais, que permitem resolver problemas comuns, como mapear o símbolo de Euro ao atalho AltGR+E, desativar o Caps Lock (uma alternativa mais civilizada ao hábito de simplesmente arrancá-lo do teclado :), definir a tecla usada para ativar as teclas de terceiro nível e assim por diante. Se você sofre o com o clássico problema da repetição do teclado parar de funcionar esporadicamente, basta desativar e ativar novamente a opção de repetição das teclas.
Outra dica é que você pode especificar intervalos forçados na digitação (importantes para a prevenção de lesões por esforços repetitivos) na última aba, fazendo com que o sistema bloqueie o desktop durante dois minutos uma vez por hora, por exemplo.
O Ubuntu não é a distribuição mais estável, nem a mais fácil de usar, mas a grande disponibilidade dos CDs de instalação e toda a estrutura de suporte criada em torno da distribuição acabaram fazendo com que ele se tornasse uma espécie de "default", uma escolha segura que a maioria acaba testando antes de experimentar outra distribuições. Isso faz com que ele seja a distribuição com mais potencial para crescer além da base atual.
Apesar disso, essa abordagem tem também seus problemas, já que a estrutura mais complexa torna mais difícil solucionar problemas inesperados, ou configurar o sistema de formas incomuns. O grande volume de serviços carregados por padrão e o grande volume de bibliotecas e componentes fazem com que o sistema seja mais pesado e consuma mais memória do que distribuições mais espartanas (como no caso do Slackware) o que torna imprático o uso em máquinas muito antigas, ou com menos de 512 MB de RAM. Como pode ver, nenhum sistema é perfeito e é justamente por isso que temos várias distribuições. Vamos então aos detalhes sobre a configuração do Ubuntu.
Assim como todas as inúmeras outras distribuições derivadas do Debian, o Ubuntu utiliza o apt como gerenciador de pacotes. Entretanto, para facilitar as coisas, o Ubuntu inclui também um conjunto de gerenciadores gráficos que, de certa forma, permitem juntar o melhor dos dois mundos.
Configurando os repositórios
O gerenciamento dos repositórios é uma etapa importante da configuração do Ubuntu, já que eles determinam os pacotes que você poderá instalar posteriormente. A configuração é feita através do "Sistema > Administração > Canais de Software", que funciona como um configurador para o arquivo "/etc/apt/sources.list", onde são especificados os repositórios que serão usados pelo sistema. Os pacotes oficiais são divididos em 5 repositórios:
main: O repositório principal, que inclui os softwares suportados oficialmente pela equipe do Ubuntu. Este repositório inclui um número relativamente pequeno de pacotes, incluindo os pacotes do Gnome e os outros softwares instalados por padrão, os pacotes de internacionalização e alguns poucos pacotes adicionais. É basicamente o mesmo conteúdo da versão em DVD.
restricted: Este repositório inclui os drivers da nVidia, da ATI e alguns módulos adicionais para o kernel (agrupados no pacote "linux-restricted-modules") que possuem o código fonte fechado, ou possuem restrições com relação à modificação ou distribuição. Agrupá-los em um repositório separado foi a solução encontrada pela equipe do Ubuntu para poder distribuí-los como parte da distribuição.
Estes drivers ao gerenciados de maneira automática pelo gerenciador de drivers restritos ("Sistema > Administração > Drivers de hardware") que se encarrega de detectar os componentes e perguntar se você deseja ativar os drivers correspondentes.
universe: Como o nome sugere, o Universe inclui quase todos os demais pacotes, um conjunto que ultrapassa a marca dos 20 GB de arquivos. Ele é basicamente um snapshot do repositório do Debian instável, que recebe uma rodada de testes e correções antes de ser disponibilizado ao público. A grande diferença em relação aos pacotes do repositório main é que eles não são oficialmente suportados pela equipe de desenvolvimento; são apenas oferecidos como um extra. A maior parte do trabalho de manutenção do repositório Universe é feito por voluntários, incluindo aí o trabalho feito pela equipe do Debian.
multiverse: É uma derivação do Universe, que agrupa softwares distribuídos sob licenças "não livres", que possuam alguma restrição com relação à modificação ou distribuição. Inclui diversos codecs, emuladores, plugins, programas diversos e até mesmo alguns drivers de impressora. Assim como no caso do restricted, o multiverse foi criado para permitir que estes pacotes pudessem ser incluídos na distribuição, sem que "contaminassem" os repositórios principais.
partner: Este é um repositório mantido pela Canonical (sem relação direta com o Ubuntu) para disponibilizar componentes licenciados. Ele inclui o "adobe-flashplugin", que instala o suporte a flash no Firefox e pacotes de documentação para alguns codecs comerciais vendidos no
http://shop.canonical.com.
Além das questões filosóficas, a divisão permite que os repositórios sejam seletivamente desativados, como no caso de uma empresa, onde a equipe de TI decidiu utilizar apenas os pacotes do repositório main, juntamente com alguns outros pacotes específicos, para prevenir o aparecimento de problemas.
Em situações normais, você simplesmente mantém todos os repositórios ativados, com a possível exceção dos repositórios com o código fonte, que são úteis apenas para quem está interessado em compilar seus próprios pacotes:
Você pode também escolher entre baixar os pacotes dos servidores principais (o archive.ubuntu.com) ou usar os servidores do Brasil (o br.archive.ubuntu.com) que costumam ser mais rápidos. Por default o instalador utiliza também os pacotes do CD-ROM de instalação, que inclui alguns pacotes extras que não são instalados juntamente com o sistema.
O que o gerenciador faz é simplesmente ativar ou desativar as linhas correspondentes dentro do arquivo "/etc/apt/sources.list" conforme você altera as opções, exatamente o mesmo que você faria ao editar o arquivo manualmente. As linhas referentes aos repositórios principais dentro do arquivo são:
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid main restricted
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid universe
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid multiverse
deb http://archive.canonical.com/ubuntu intrepid partner
Cara cada um destes repositórios, está disponível também uma linha iniciada com "deb-src", que corresponde ao repositório com o código-fonte dos pacotes.
Apesar de parecerem complicadas, estas linhas são bastante simples. Tudo começa como "deb", que indica o início da configuração de um repositório. Em seguida, vai o endereço, a pasta com a versão e a sub-pasta com os arquivos do repositório específico. Os repositórios são acessados via http, você pode inclusive acessá-los pelo navegador.
Uma dica para quem gosta de arrumação é que você pode agrupar linhas com repositórios dentro da mesma URL, separando-os por espaço. Em vez das 4 linhas anteriores, você poderia usar apenas:
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid main restricted universe multiverse
deb http://archive.canonical.com/ubuntu intrepid partner
O "intrepid" em cada linha especifica a versão do Ubuntu em uso. Ao atualizar do 8.10 para o 9.04, por exemplo, o "intrepid" em todas as linhas seria substituído por "jaunty". Aqui vai uma lista rápida dos nomes e versões para referência:
warty: 4.10
hoary: 5.04
breezy: 5.10
dapper: 6.06
edgy: 6.10
feisty: 7.04
gutsy: 7.10
hardy: 8.04
intrepid: 8.10
jaunty: 9.04
Repositórios extras
Além dos repositórios principais, temos os repositórios adicionais, que são mantidos por equipes independentes. A principal função deles é oferecer pacotes que, por um motivo ou outro, não podem ser distribuídos através dos repositórios oficiais, como no caso da biblioteca libdvdcss2 (que permite assistir DVDs protegidos) e diversos codecs. O gerenciamento deles é feito através da segunda aba:
Por default, é incluído apenas o repositório partner, que na verdade é utilizado apenas para distribuir o plugin do flash para o Firefox.
Você pode ter acesso a um grande volume de pacotes adicionais voltados para multimídia adicionando o repositório do Medibuntu, especificando o "
http://packages.medibuntu.org/" como URL e "free non-free" no campo dos componentes, como no screenshot. Isso equivale a adicionar a linha abaixo no sources.list:
deb http://packages.medibuntu.org/ intrepid free non-free
Ao tentar atualizar o sistema ou instalar algum novo pacote, após ativar repositórios adicionais, você receberá um erro similar a esse:
Ele indica que o sistema não possui a chave GPG de autenticação para o repositório adicionado, problema que podemos resolver manualmente.
O GPG é um sistema de encriptação composto de duas chaves, uma chave pública, que é distribuída abertamente, e uma chave privada, que é secreta. A chave privada pode ser utilizada para "assinar" arquivos, cuja autenticidade pode ser comprovada usando a chave pública. Isto é feito através de um truque matemático: a chave privada é uma espécie de equação extremamente complexa, que embaralha o conteúdo dos arquivos. A chave pública é um antídoto para ela, que permite reverter os dados a seu estado original. É impossível, entretanto, descobrir o conteúdo da chave privada usando a chave pública e, devido à sua complexidade, é também impossível fazê-lo via força bruta.
Do Ubuntu 6.06 em diante, o apt-get passou a operar em modo seguro, onde o desenvolvedor usa sua chave GPG privada para assinar seus pacotes e o apt-get usa a chave pública para verificar se o pacote que está sendo instalado não sofreu modificações. Este é um processo extremamente seguro, que visa ter certeza de que o pacote que está sendo instalado na sua máquina é exatamente o mesmo que foi disponibilizado pelo desenvolvedor, eliminando qualquer possibilidade de alguém de má-fé alterar o conteúdo pelo caminho.
Este é um nível se segurança que não possui similar no mundo Windows. Mesmo que alguém consiga invadir o servidor onde os pacotes estão hospedados, ou consiga dar upload de pacotes falsos usando uma senha roubada, não terá como falsificar também a assinatura dos pacotes, fazendo com que você seja avisado ao tentar instalar e o problema seja detectado instantaneamente.
Existem duas maneiras de instalar a chave. A primeira é baixar o arquivo manualmente (você precisará geralmente usar o wget ou outro gerenciador de downloads, já que o Firefox o exibe como texto, em vez de oferecer a opção de baixar) e usar a opção Autenticação > Importar Arquivo Chave" dentro do Canais de Software para adicionar a chave:
Outra opção é adicionar a chave via linha de comando, usando "gpg" e o "apt-key". Os comandos são um pouco longos, mas a vantagem nesse caso é que você não precisa procurar o arquivo da chave, já que ela é baixado automaticamente pelo próprio GPG.
O primeiro passo é abrir um terminal e rodar o "sudo apt-get update". Ele retornará um erro similar ao do gerenciador de atualizações, especificando o número da chave:
W: Erro GPG: http://packages.medibuntu.org intrepid Release: As
assinaturas a seguir não puderam ser verificadas devido à chave
pública não estar disponível: NO_PUBKEY 2EBC26B60C5A2783
Para adicioná-la, use os dois comandos a seguir, especificando o número da chave, que você pode colar usando o botão central do mouse. Na verdade, a identificação da chave são apenas os 8 dígitos finais, mas não faz diferença se você simplesmente copiar o número inteiro:
# gpg --keyserver subkeys.pgp.net --recv-keys 2EBC26B60C5A2783
# gpg --export --armor 2EBC26B60C5A2783 | apt-key add -
É mais fácil executar os dois comandos diretamente como root, já que o GPG tem dificuldade em acertar o path quando executado através do sudo.
O primeiro comando se encarrega de baixar a chave, a partir do servidor do pgp.net, enquanto o segundo faz a importação. Note que é usado um pipe ( | ) para que a chave exportada pelo GPG seja lida pelo apt-key.
No caso específico do Medibuntu existe uma opção mais prática para adicionar a chave, que é simplesmente instalar o pacote "medibuntu-keyring ", que se encarrega de adicionar a chave do repositório:
$ sudo apt-get install medibuntu-keyring
Como pode imaginar, este pacote foi criado para simplificar a configuração do repositório por parte de novos usuários, uma vez que o repositório é usado por 7 em cada 10 usuários do Ubuntu. Entretanto, você ainda precisará seguir estes passos manuais ao adicionar outros repositórios.
Apesar dos pesares, a principal vantagem de adicionar os repositórios extras na configuração, em vez de simplesmente baixar os pacotes desejados manualmente é que os pacotes passam a ser incluídos nas atualizações do sistema, permitindo que você tenha acesso às atualizações. Eles também permitem que o sistema instale eventuais dependências automaticamente, simplificando muito a instalação. Outra vantagem é que outros pacotes disponíveis no repositório ficam disponíveis para quando precisar deles.
Gerenciando as atualizações
Em seguida, temos as opções de atualização do sistema, que são agrupadas na terceira aba. Elas são divididas em 4 grupos:
security: Inclui as atualizações de segurança, que tapam as brechas do sistema, mas não adicionam novas funcionalidades aos programas. As atualizações de segurança são especialmente importantes no Ubuntu, já que o sistema não utiliza nenhum firewall por padrão, dependendo apenas das atualizações dos serviços. Elas são atualizações de baixo risco, que raramente causam problemas.
updates: Inclui todas as novas versões dos programas, o que representa mais de 80% das atualizações disponíveis. Se você está apenas interessado em manter seu sistema estável, baixando apenas as atualizações importantes, você pode desativar este repositório, mantendo apenas o security.
proposed: Contém atualizações em estágio de teste, que não são inteiramente estáveis. É uma espécie de versão "beta" do updates, que permite que você tenha acesso às atualizações em primeira mão, mas sem garantia de estabilidade. Se você não quer dor de cabeça, é melhor mantê-lo desativado.
backports: As versões do Ubuntu são suportadas por um período de 18 meses (nas versões normais), ou 36 meses (no caso das versões LTS), o que corresponde ao lançamento de duas ou cinco novas versões. Os backports são versões portadas de novas versões dos softwares, adaptados para rodarem nas versões antigas.
Eles permitem que você atualize alguns componentes do sistema (obtendo acesso a uma nova versão do Gnome ou do KDE, por exemplo), sem precisar atualizar o sistema inteiro. A principal observação é que os backports recebem apenas uma rodada rápida de testes, o que abre margem para o aparecimento de bugs inesperados. Justamente por isso, você tem a opção de desativá-los no gerenciador:
Estas opções correspondem às linhas com o "security", "updates" e "backports" dentro do sources.list:
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-security main restricted
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-security universe
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-security multiverse
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-updates main restricted
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-updates universe
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-updates multiverse
deb http://archive.ubuntu.com/ubuntu/ intrepid-backports main restricted universe multiverse
Definidos os repositórios, falta a configuração das atualizações automáticas, que são feitas através do Gerenciador de Atualizações ("Sistema > Administração > Gerenciador de atualizações"), a (muitas vezes irritante) setinha ao lado do relógio.
Por padrão, o sistema vem configurado para notificar sobre atualizações do security e do updates diariamente, o que resulta em um volume muito grande de pacotes a baixar e faz com que muitos optem por simplesmente desativarem as atualizações automáticas. Entretanto, você pode reduzir o número de avisos simplesmente desativando o updates (mantendo apenas o security) e especificando um intervalo maior para as atualizações.
Outra opção é desmarcar o "Verificando atualizações", o que faz com que ele deixe de exibir os avisos, se limitando a mostrar as atualizações disponíveis quando você clica sobre ele.
Embora não seja recomendável, é possível também remover completamente o gerenciador de atualizações e passar a fazer as atualizações manualmente. Nesse caso, você usaria o "killall update-notifier" e em seguida o "apt-get remove update-notifier".
Continuando, o gerenciador também avisa sobre a disponibilidade de novas versões do sistema, o que é ajustado através da última opção, onde você pode escolher entre receber avisos de todas as novas versões, atualizando a cada 6 meses, ou ser avisado apenas do lançamento de versões LTS, atualizando a cada 18 meses:
Como em outros sistemas, o upgrade direto de uma versão para outra é sempre um processo passível de problemas. O grande problema é que (por simples falta de mãos de obra suficiente) os upgrades são testados apenas em configurações comuns, onde o sistema é usado sem grandes modificações. Entretanto, na prática é comum que você use um conjunto de pacotes muito diferente do original, com muitos dos programas originais substituídos por outros, somado coma instalação de vários programas adicionais. Isso faz com que o trabalho do atualizador seja muito mais complicado e os resultados mais imprevisíveis, fazendo com que a atualização apresente defeitos diversos ou mesmo falhe completamente em alguns casos específicos.
Outra observação importante é que você nunca deve desligar o sistema no meio do processo de atualização, caso contrário você criará uma situação onde parte dos pacotes estão atualizados e outros não, o que será uma receita para o desastre no próximo boot.
O ideal é que você inicie a atualização no final do dia, deixando que o sistema baixe os pacotes e inicie o processo durante a noite e você possa apenas responder as configurações e terminar o processo na manhã seguinte. Como de praxe, é sempre importante fazer um backup completo do diretório home e de outras pastas do sistema onde guarde arquivos, só por via das dúvidas.
Gerenciadores: Synaptic e gnome-app-install
Além do gerenciador de atualizações e da dupla apt-get/aptitude, o Ubuntu inclui também o "gnome-app-install" (Aplicativos > Adicionar/Remover), que serve como um gerenciador simples, para instalar aplicativos comuns:
Ele é um aplicativo destinado a iniciantes, que permite instalar os programas mais usados com dois cliques. A principal vantagem é justamente o fato de ele ser simples e mostrar apenas uma lista de aplicativos mais usados, excluindo bibliotecas e componentes incomuns,
Para quem procura uma opção mais avançada, está disponível o
Synaptic ("Sistema > Administração > Gerenciador de Pacotes Synaptic"), uma ferramenta originalmente desenvolvida pela equipe da Conectiva, mas que hoje pode ser encontrada em diversas distribuições. Ele pode ser instalado em outras distribuições derivadas do Debian via apt-get e também pode ser encontrado no Fedora e em outras distribuições da família do Red Hat.
O Synaptic parece complexo à primeira vista e até certo ponto realmente é, mas ele permite instalar e atualizar pacotes e alterar todas as principais configurações do apt (incluindo as fontes de atualização), sem precisar se preocupar com os arquivos de configuração. Ele oferece também uma função de busca que é bastante prática na hora de encontrar pacotes que você não lembra o nome, ou para localizar qual pacote inclui um arquivo ou componente específico.
A parte que mais assusta ao abrí-lo pela primeira vez é a quantidade de pacotes disponíveis, já que ele mostra todos os pacotes disponíveis em todos os mirrors ativados no "/etc/apt/sources.list", incluindo o Universe, Backports e outros. Os pacotes estão, naturalmente, divididos em categorias. Clicando sobre os pacotes, você vê a descrição e, nas propriedades, pode ver mais detalhes, como os arquivos que fazem parte do pacotes e suas dependências, ou seja, quais outros pacotes serão instalados junto, caso resolva adicioná-lo.
Os pacotes com o quadrado em branco são os disponíveis para instalação, os com o quadrado verde são os já instalados e os com o quadrado verde com a estrelinha são os que estão instalados, porém possuem atualizações disponíveis. O ícone do Ubuntu ao lado do quadrado indica os pacotes que fazem parte do repositório principal (ou seja, os que contam com suporte oficial), permitindo diferenciá-los dos pacotes que fazem parte do Universe ou de outros repositórios:
O Synaptic permite marcar várias ações (instalar, remover e/ou atualizar vários pacotes de uma vez), por isso é interessante principalmente para quem gosta de deixar o micro ligado à noite baixando e instalando coisas. Assim como no Gparted, as modificações são realizadas de uma vez ao clicar no "Aplicar".
Clicando no "Marcar Todas as Atualizações", você instala de uma vez todas as atualizações, o que inclui não apenas as atualizações de segurança, mas também todas as atualizações gerais, para todos os programas instalados. Essencialmente, é o mesmo trabalho feito pelo gerenciador de atualizações.
Dentro dos menus você encontra mais algumas opções úteis. A opção "Editar > Consertar Pacotes Quebrados", por exemplo, equivale ao comando "apt-get -f install", permitindo resolver automaticamente problemas causado pela instalação manual de pacotes com dependências quebradas.
A opção "Editar > Adicionar CD-ROM" permite que você adicione CDs ou DVDs contendo conjuntos de pacotes como repositórios para o apt-get, de forma que o Synaptic instale pacotes a partir dos CDs ao invés de baixá-los da Internet.
Você pode gerar as mídias usando o APTonCD, que oferece uma opção fácil para fazer download dos repositórios (certifique-se de ter bastante espaço em disco, já que repositórios como o Universe ultrapassam a marca dos 10 GB de pacotes). Ele pode ser obtido no
http://aptoncd.sourceforge.net/ ou diretamente via apt-get ("sudo apt-get install aptoncd"). Se você acessa via proxy, pode configurar o Synaptic para utilizá-lo através do Configurações > Preferências > Rede.
Codecs e plugins
O formato mais rudimentar para codificação de áudio é o WAV, que simplesmente armazena o som em formato não comprimido. Similarmente, o formato RAW permite salvar vídeos sem compressão, simplesmente gerando uma seqüência de imagens em bitmap com os quadros do vídeo. Os dois formatos são bastante simples e exigem pouco processamento para serem exibidos.
O grande problema é que os arquivos são muito grande, o que os torna impróprios para transmissão via web, ou mesmo para uso em sistemas de TV digital. Isso levou ao surgimento de diversos sistemas de compressão de áudio e vídeo, como o MP3, AAC, Vorbis (OGG), FLAC, MPEG-4, Theora, WMV e tantos outros, que permitem gerar arquivos menores.
Estes formatos podem ser divididos em dois grupos: os formatos livres, como o OGG, o FLAC e o Theora, cujos codecs podem ser distribuídos livremente e que por isso podem ser encontrados pré-instalados em quase todas as distribuições atuais e os formatos proprietários e/ou patenteados, como o MP3, AAC, MPEG-4, etc. cujos proprietários criam obstáculos para uso no Linux (e para a inclusão em players open-source ou gratuitos de maneira geral), restringindo ou cobrando royalties sobre a distribuição dos codecs.
Por melhores que sejam os codecs livres, na maioria dos casos a escolha do codec usado não é exatamente uma escolha, pois é feita não por você, mas sim por quem gerou o arquivo. Isso faz com que, no final das contas, você não tenha muita escolha a não ser manter uma boa coleção de codecs instalados, de maneira a poder abrir vários tipos de arquivos.
Entram em cena então os projetos de codecs open-source, como o Lame, que permite ouvir e gerar arquivos mp3. Eles são desenvolvidos através de engenharia reversa, onde o desenvolvedor analiza o resultado da codificação e decodificação usando os codecs originais e desenvolve um algoritmo próprio que gere um resultado similar. Estes algoritmos, juntamente com o restante do código-fonte são protegidos pela lei da livre expressão, uma vez que são apenas uma forma de descrever o funcionamento do algoritmo. Entretanto, quando compilados eles se enquadram na questão das patentes, o que dificulta a distribuição.
É importante enfatizar que a distribuição dos pacotes compilados do Lame e de outros codecs open-source não tem nada de ilegal. O grande problema é que abre margem para cobrança de royalties por parte dos detentores dos direitos, o que faz com que praticamente nenhuma das grandes distribuições os incluam por padrão, muito embora você possa instalá-los facilmente através de repositórios adicionais, como no caso do PLF (do Mandriva) e o Medibuntu.
Mas primeiras versões do Ubuntu, a Conical adotou uma postura bem conservadora, não incluindo os codecs em nenhum dos repositórios e não oferecendo nenhuma maneira simples de instalá-los. Com isso, os usuários precisavam adicionar os repositórios e instalá-los manualmente, o que levou ao surgimento de projetos como o Automatix, um conjunto de scripts que automatizava a instalação.
Nas versões atuais, as coisas são muito mais simples. A maior parte dos pacotes necessários são disponibilizados através do repositório multiverse e, ao tentar abrir um arquivo em um formato não suportado, o reprodutor de mídia dispara um assistente que localiza os pacotes necessários e oferece a instalação:
Você pode também instalar os pacotes diretamente usando o apt-get:
# apt-get install gstreamer0.10-ffmpeg gstreamer0.10-plugins-good gstreamer0.10-plugins-bad-multiverse gstreamer0.10-lame
Outra facilidade é o pacote "ubuntu-restricted-extras ", um metapacote que se encarrega da instalação de diversos componentes, incluindo o suporte a flash e java no Firefox, um conjunto bastante completo de codecs e até mesmo o pacote msttcorefonts, que instala algunas fontes truetype do Windows:
$ sudo apt-get install ubuntu-restricted-extras
Assim como outros metapacotes, o ubuntu-restricted-extras é apenas um pacote vazio, que lista vários outros pacotes em sua lista de dependências. Ao instalá-lo, o apt verifica a lista e instala junto todos os pacotes citados. Em outras palavras, ele é apenas uma âncora, destinada a facilitar a instalação de um grupo pode outros pacotes. Instalá-lo, equivale a instalar manualmente os pacotes:
gstreamer0.10-plugins-ugly
gstreamer0.10-plugins-ugly-multiverse
msttcorefonts
flashplugin-nonfree
unrar
gstreamer0.10-plugins-bad
gstreamer0.10-plugins-bad-multiverse
gstreamer0.10-ffmpeg
libavcodec-unstripped-51
gstreamer0.10-pitfdll
libmp3lame0
libdvdread3
sun-java6-plugin
Para ativar o suporte a DVDs protegidos nos players de vídeo, é preciso instalar o pacote libdvdcss2, que inclui a biblioteca necessária para quebrar a encriptação. Ele complementa o pacote "libdvdread3", que permite visualizar os menus de abertura dos DVDs. Ele está disponível no repositório do Medibuntu, que você precisa ter ativado previamente:
$ sudo apt-get install libdvdcss2
Diferente de softwares anteriores, que utilizavam um conjunto de chaves de encriptação crackeadas para ganhar acesso aos DVDs, o libdvdcss utiliza um sistema mais elegante, onde a biblioteca gera um conjunto de chaves de desencriptação, que testa uma a uma até encontrar uma que permita abrir o disco.
A legalidade do libdvdcss2 nunca foi contestada na justiça (e é improvável que isso aconteça agora, quando o DVD já está em processo de substituição pelo BlueRay), mas a possibilidade de contestação com base no DMCA (a lei norte-americana que proíbe a circunvenção de sistemas de criptografia) faz com que ele não seja incluído nos repositórios oficiais do Ubuntu, daí a necessidade de instalá-lo a partir do Medibuntu.
Outro pacote recomendável em se tratando de formatos de mídia é o w32codecs, que permite abrir arquivos WMV e QuickTime. Ele inclui alguns arquivos .dll extraídos dos players para Windows o que faz com que (muito embora os players sejam de uso gratuito) eles sejam considerados proprietários e por isso não incluídos nos repositórios principais. Este é mais um pacote que pode ser encontrado apenas no Medibuntu:
$ sudo apt-get install w32codecs
Se por acaso a placa de som não tiver sido detectada pelo sistema, experimente instalar o pacote "alsa-firmware". Ele inclui alguns firmwares proprietários que são necessários para ativar algumas placas, como a ESS Maestro3, Tascam USX2Y USB, Turtle Beach Wavefront e a Yamaha DS-1 PCI. Depois de instalá-los, rode o "sudo alsaconf" no terminal (ou reinicie o micro) e ela deverá passar a funcionar normalmente:
$ sudo apt-get install alsa-firmware
Estes pacotes possuem exatamente os mesmos arquivos que seriam copiados ao instalar os aplicativos manualmente. A vantagem é que a instalação é mais simples e você passa a poder atualizá-los via apt-get, juntamente com o restante do sistema:
$ sudo apt-get install acroread skype googleearth
$ sudo picasa_3.0-current_i386.deb
Estes pacotes são desenvolvidos para não possuírem dependências externas e poderem por isso serem instalados no Debian, no Ubuntu ou em qualquer distribuição derivada deles. Em compensação, o fato de os pacotes incluírem todos os componentes necessários faz com que eles sejam muito grandes. Se eles fossem lançados como aplicativos open-source e os pacotes fossem compilados pela equipe do Ubuntu, aproveitando os componentes já incluídos no sistema, os pacotes seriam bem menores.
Com relação aos players de mídia Ubuntu utiliza por padrão o Totem, que é o player padrão do Gnome. Ele foi criticado nas primeiras versões por incluir poucas funções, ma nas versões atuais ele se tornou um player bastante competente. De qualquer maneira, é interessante ter à mão também o VLC e o Mplayer, que permitem abrir muitos vídeos danificados ou em formatos exóticos, onde Totem pede água:
$ sudo apt-gt install vlc mplayer
Outra boa opção é o Dragonplayer, um derivado do Mplayer, que utiliza uma interface simples. Ele depende de várias bibliotecas do KDE, por isso é interessante apenas se você pretender instalar também outros aplicativos baseados no QT:
$ sudo apt-get install dragonplayer
Drivers adicionais
Um problema clássico das distribuições Linux, que em maior ou menor grau persiste até hoje é a questão dos drivers proprietários, que são distribuídos em formato binário (ou seja, sem que o código fonte seja disponibilizado) ou através de licenças restritivas, que impeçam a redistribuição. Estes dois fatores fazem com que as grandes distribuições não os incluem por padrão, resultando no clássico problema de você precisar baixar e instalar o driver manualmente.
O "Drivers de hardware" (Gerenciador de drivers restritos) foi a solução encontrada pelos desenvolvedores do Ubuntu para facilitar a instalação dos drivers, sem contudo precisar incluí-los diretamente na distribuição. Ele é um utilitário que detecta o uso de dispositivos que precisam de drivers adicionais e se oferece para instalá-los automaticamente:
A lista inclui os drivers 3D para placas da ATI e da nVidia e também drivers para placas wireless com chipset Atheros (que nas versões recentes passaram a vir pré-instalados no sistema) e também drivers para algumas impressoras, softmodems e placas de TV.
Embora ajude, o utilitário está longe de ser infalível, por isso problemas são relativamente comuns. Na maioria dos casos, você pode simplesmente desativar o driver e refazer a instalação usando os passos manuais, mas em casos de problemas na instalação dos drivers 3D você pode cair no clássico caso do X não abrir mais. Nesses casos, a solução é pressionar Ctrl+Alt+F2 para ir ao terminal de texto e remover o driver manualmente, reinstalando o driver open-source em seguida, como em:
# apt-get remove --purge fglrx* xserver-xorg-video-ati
# apt-get install xserver-xorg-video-ati
Note que os pacotes com os drivers do X.org no Ubuntu recebem todos o prefixo "xserver-xorg-video", como em "xserver-xorg-video-nv" ou "xserver-xorg-video-intel".
Configurando impressoras
As versões recentes do Ubuntu utilizam o system-config-printer, que é o mesmo utilitário de configuração de impressoras usado no Fedora (versões antigas usavam o "gnome-cups-add", que era bem mais limitado). Ele está disponível através do "Sistema > Administração > Impressão" e permite adicionar impressoras (tanto impressoras locais quanto de rede) de forma bastante simples através do "Server > New > Printer".
Para instalar uma impressora compartilhada em uma máquina Windows (ou em um servidor Linux rodando o Samba), você usaria a opção "Windows Printer via Samba", usando a função de localizar, ou especificando o endereço da impressora na rede, como em "smb://servidor/impressora" e para adicionar uma impressora compartilhada através do Cups usaria o "Internet Printing Protocol (ipp)" indicando o endereço do servidor.
Entretanto, na grande maioria dos casos você não precisará fazer nenhuma configuração adicional, já que as impressoras locais suportadas são automaticamente adicionadas pelo Cups, com a interface servindo mais para ajustar as preferências de impressão e (em um servidor ou em uma máquina usada por vários usuários) as permissões de impressão.
Uma crítica comum às versões antigas do Ubuntu era que elas não ofereciam nenhuma opção simples para compartilhar impressoras usando o recurso nativo de compartilhamento do Cups (acessível através da porta 631) nem para acessar impressoras compartilhadas em outras máquinas. Naturalmente, era perfeitamente possível fazer a configuração manualmente, editando o arquivo "/etc/cups/cupsd.conf", mas esta não era uma solução muito prática.
Isso foi solucionado com a inclusão de uma seção dentro da configuração, disponível através do "Server > Settings". Basta marcar a opção "Publish shared printers connected to this system" para que as impressoras sejam automaticamente compartilhadas com outras máquinas Linux da rede. Para que o compartilhamento funcione, é necessário que a porta 631 esteja aberta no firewall (caso usado):
Como pode imaginar, a opção "Mostrar impressoras compartilhadas por outros sistemas" é destinada a ativar a configuração automática de impressoras compartilhadas em outras máquinas, e deve ser ativada em todas as outras máquinas da rede de onde você pretender usar a impressora. Desde que as outras máquinas também estejam com a porta 631 aberta no firewall e estejam utilizando uma versão minimamente atual do cups, a configuração é também feita de forma automática.
Por default, o servidor permite apenas impressões a partir de micros da rede local (ele verifica a faixa usada pela interface e cruza com uma tabela de endereços de rede interna), o que evita a possibilidade de você esquecer a impressora compartilhada ao se conectar diretamente à web (usando um modem 3G, por exemplo), e algum engraçadinho se aproveitar disso para acabar com seus cartuchos.
Concluindo, a opção "Permitir administração remota" permite que a interface de administração do Cups seja acessada via navegador por outras máquinas da rede local, através da porta 631 do seu micro, como em "
http://192.168.1.21:631". Por padrão, a interface pode ser acessada apenas localmente.
É possível também acessar as impressoras compartilhadas através de PCs com o Windows, mas nesse caso você precisa fazer a instalação manualmente, através do "Painel de Controle > Impressora > Adicionar Impressora > Impressora de rede". Selecione a opção "Conectar-se a uma impressora na internet ou na intranet" e preencha o campo "URL" com o endereço do servidor, seguido por um "/printers/" e o nome da impressora (da mesma maneira que aparece na interface de administração) como em "
http://192.168.1.1:631/printers/Officejet-J3600-series". Você vai precisar ter em mãos os CDs com os drivers para Windows da impressora, já que ele não é capaz de usar os drivers do Cups, como no caso dos clientes Linux.
Para as impressoras e multifuncionais da HP, é usado o "Sistema > Preferências > HPLIP Toolbox". Como você já deve ter me visto dizer várias vezes, as impressoras e multifuncionais da HP possuem um excelente suporte no Linux, graças aos esforços da própria HP em desenvolver drivers e utilitários open-source para Linux. Graças a isso, os drivers de impressão são diretamente integrados às distribuições e (desde que você esteja usando uma distribuição suficientemente recente) as impressoras são detectadas automaticamente quando plugadas.
O HPLIP Toolbox complementa os drivers, oferecendo as opções para enviar fax e escanear imagens (disponíveis ao usar uma multifuncional), monitorar o nível dos cartuchos e outras funções. Ele possui também uma opção para detectar novas impressoras (Atualizar dispositivo), mas na grande maioria das vezes a detecção é automática:
Para usar as funções de escaneamento de páginas, é necessário instalar os pacotes "sane" e "xsane", que não são instalados por padrão no Ubuntu:
$ sudo apt-get install sane xsane
Com o Sane instalado, clicar no "Iniciar trabalho de digitalização" abre uma janela do Xsane, onde você pode ajustar as opções de cor, brilho contraste e assim por diante. Terminado, basta clicar no "Digitalizar" para escanear a imagem:
Configuração da rede
O Ubuntu gerencia as interfaces de rede usando o NetworkManager, um utilitário de configuração de rede de "nova geração", que utiliza as informações coletadas pelo HAL para detectar as interfaces que estão disponíveis, oferecendo um menu de opções que permite que você se conecte a redes wireless e alterne entre as redes disponíveis de maneira bastante prática.
Ao ativar o transmissor da rede wireless, ele detecta as redes disponíveis e mostra a lista através do applet ao lado do relógio. Ao se conectar a uma rede protegida, ele se oferece para salvar a passphrase e guarda a configuração, passando a se conectar à rede automaticamente quando ela estiver disponível:
Ao plugar um cabo de rede, ele chaveia automaticamente da rede wireless para a rede cabeada, obtendo a configuração via DHCP. Desconectando o cabo de rede, ele volta a tentar se conectar a uma das redes wireless disponíveis, e assim por diante.
Por default, ele tenta configurar todas as conexões via DHCP (e desativa a conexão caso o DHCP não esteja disponível, ou o servidor esteja fora do ar), mas você pode também configurar os endereços manualmente acessando as propriedades da interface, clicando com o botão direito sobre o applet e acessando o "Editar conexões".
A partir do Ubuntu 8.10 ele oferece suporte até mesmo a alguns modems 3G, modems ADSL configurados em modo bridge (conexão via PPPoE) e até mesmo a conexão com VPNs, oferecendo uma solução de conectividade bastante completa.
Embora tenha sido criticado em suas primeiras versões, devido a problemas diversos, o NetworkManager cresceu e se tornou uma solução bastante estável a partir do Ubuntu 8.10.
De qualquer forma, o uso do NetworkManager não impede que você configure a rede manualmente caso desejado; para isso, basta adicionar a configuração da rede no arquivo "/etc/network/interfaces". O NetworkManager monitora a configuração do arquivo e deixa de monitorar interfaces manualmente especificadas nele.
Por padrão, o arquivo inclui referência apenas à interface de loopback, permitindo que o NetworkManager monitore as demais interfaces:
auto lo
iface lo inet loopback
Ao adicionar uma configuração manual de rede dentro do arquivo, o sistema passa a usar a configuração especificada, desativando o uso do NetworkManager. Esta é uma boa solução se você usa um desktop conectado a uma rede cabeada e não tem necessidade de ficar alternando entre redes. Um exemplo de configuração seria:
auto lo eth0
iface lo inet loopback
iface eth0 inet static
address 192.168.1.23
netmask 255.255.255.0
network 192.168.1.0
broadcast 192.168.1.255
gateway 192.168.1.1
Se você estiver usando uma placa wireless, a configuração manual é feita em dois passos. O primeiro é gerar o arquivo de configuração do wpa_supplicant, usando o wpa_passphrase, especificando o nome da rede (ex: rede) e a passphrase de acesso (ex: 123456), como em:
# wpa_passphrase rede 123456 > /etc/wpa_supplicant.conf
Assim como em outros comandos que escrevem diretamente em arquivos, ele precisa ser executado diretamente como root, não com o sudo.
Com o arquivo de configuração gerado, falta apenas a configuração no arquivo "/etc/network/interfaces". A configuração é a mesma que a usamos para placas cabeadas, com a adição de duas novas linhas, que ativam o uso do wpa_supplicant e indicam o arquivo de configuração que será usado, como em:
auto lo wlan0
iface lo inet loopback
iface wlan0 inet static
address 192.168.1.23
netmask 255.255.255.0
network 192.168.1.0
broadcast 192.168.1.255
gateway 192.168.1.1
wpa-driver wext
wpa-conf /etc/wpa_supplicant.conf
Edite também o arquivo "/etc/resolv.conf", adicionando os endereços dos servidores DNS (um por linha), como em:
nameserver 208.67.222.222
nameserver 208.67.220.220
Se mudar de idéia, basta desfazer as alterações e o NetworkManager voltará a gerenciar as interfaces.
O NetworkManager roda como um serviço de sistema, e não como um aplicativo. É por isso que você não consegue desabilitá-lo diretamente através do ambiente gráfico. O ícone que aparece ao lado do relógio é na verdade uma instância do "nm-applet", um pequeno utilitário destinado apenas a mostrar as redes disponíveis e permitir que você altere a configuração.
Para desativá-lo, é necessário parar diretamente o serviço, usando o comando "/etc/init.d/NetworkManager stop" (para o serviço temporariamente) ou "update-rc.d NetworkManager remove" (desativa em definitivo, fazendo com que ele deixe se ser carregado durante o boot). Entretanto, isso é desnecessário na maior parte dos casos, uma vez que você pode desativá-lo simplesmente especificando a configuração de rede no "/etc/network/interfaces".
Instalado o KDE
A decisão da equipe do Ubuntu em utilizar o Gnome como desktop padrão, levou ao surgimento do Kubuntu, uma versão derivada que tem por objetivo oferecer uma opção baseada no KDE.
A idéia do Kubuntu é manter as principais características do Ubuntu original, compartilhando do mesmo repositório de pacotes, utilizando uma versão levemente modificada do mesmo instalador e mantendo o uso dos mesmos serviços e utilitários básicos, mas substituir o ambiente de trabalho e os aplicativos por versões alternativas, baseadas na biblioteca QT.
A equipe do Kubuntu é também a responsável pelo desenvolvimento dos pacotes do KDE e de aplicativos baseados nele, que estão disponíveis no repositório Universe, garantindo que aplicativos como o Konqueror e o K3B possam ser instalados também sobre o Ubuntu, sem percalços, basta usar o apt.
Como de praxe, o volume de dependências ao instalá-los sobre o Ubuntu é considerável, uma vez que será necessário instalar também as bibliotecas do KDE, mas isso não chega a ser um grande problema para quem utiliza uma conexão de banda larga.
Se você preferir instalar o KDE completo, a melhor opção é instalar o meta-pacote "kubuntu-desktop", que instala um conjunto completo (pouco mais de 240 MB), contendo o KDE e o conjunto básico de aplicativos. A partir daí, ambos os ambientes ficam instalados e você pode escolher qual usar na tela de boot:
$ sudo apt-get install kubuntu-desktop
Se preferir um conjunto menor, apenas com os pacotes base do KDE, experimente instalar o pacote "kdebase". Acrescente sempre o pacote "kde-i18n-ptbr" na atualização, para que os aplicativos fiquem em português:
$ sudo apt-get install kdebase kde-i18n-ptbr
Mais opções de administração
Na segunda parte do tutorial, mostrei as opções do "Sistema > Preferências", que inclui as opções de usuário. Vamos agora ao resumo das opções do "Sistema Administração" que ainda não foram abordadas em outros tópicos:
Autorizações: As primeiras versões do Ubuntu simplesmente utilizavam o gksu para executar as ferramentas administrativas que precisavam de acesso de root, solicitando a senha antes de abrir. A partir do Ubuntu 8.04 passou a ser usado o PolicyKit, que permite ajustar as permissões de maneira mais granular, melhorando a segurança geral do sistema. Visualmente, não existem grandes mudanças, já que os aplicativos continuam confirmando sua senha antes de permitirem acesso às configurações, mas internamente o sistema é bem diferente.
O Autorizações (polkit-gnome-authorization) é uma interface para o PolicyKi, que permite ajustar as permissões. Ele é intencionalmente pouco intuitivo (já que a idéia é que seja usado apenas por usuários avançados) mas a configuração não é tão complicada quanto pode parecer à primeira vista.
A coluna da esquerda inclui os aplicativos, organizados com base no desenvolvedor (Gnome, Ubuntu, etc.) e a da direita permite ajustar a autenticação. O "Console Ativo: No" simplesmente desativa os botões de destravamento, bloqueando o acesso às opções administrativas dentro do aplicativo, para todos.
O "Admin Authentication" (que é o default para a maioria das opções) faz com que elas fiquem acessíveis apenas para os usuários do sistema que podem usar o sudo, enquanto o "Authentication" libera o uso para todos os usuários do sistema (depois de confirmar a senha).
As opções "keep session" e "keep indefinitely" permitem salvar a senha (apenas durante a sessão, ou indefinidamente), para que você não precise digitar a senha novamente toda hora:
De uma maneira geral, você utilizará o Autorizações apenas quando quiser liberar o acesso a algum utilitário específico para usuários não administrativos (ou seja, outros usuários do sistema, que não foram incluídos no grupo "admin" e que por isso não possuem permissão para usar o sudo) ou quando quiser mudar o default para que a senha seja solicitada apenas uma vez por sessão.
Data e Hora: Apesar de ser uma configuração básica, o ajuste da data no Linux é uma configuração de sistema, que pode ser alterada apenas pelo root, daí a necessidade de clicar no "Desbloquear" para liberar a edição. O principal motivo disso é que o horário do sistema é utilizado por diversos serviços, tendo efeito até mesmo sobre o uso das chaves PGP.
Se o relógio estiver muito atrasado (como em casos em que a placa-mãe perde as configurações do setup e o relógio volta à data default, alguns anos no passado) o apt-get passa a exibir um "Unknown error executing gpg" ao tentar instalar pacotes.
A principal dica é que você não precisa ficar se preocupando em ajustar o horário do relógio manualmente, nem ficar corrigindo atrasos causados por imprecisão do relógio da placa-mãe; basta usar a opção "Configuração: Manter sincronizado com servidores na Internet", que ativa o sincronismo via NTP:
Ao ativar a instalação, o utilitário pedirá permissão para instalar o NTP, que é o serviço responsável pelo sincronismo do relógio. O NTP permite que o relógio da sua máquina seja sincronizado em relação a servidores ligados a relógios atômicos, com o sincronismo sendo feito de maneira automática. O protocolo NTP leva em conta o ping entre as máquinas e outros fatores para fazer as atualizações, o que resulta em um horário extremamente preciso.
Drivers de hardware: Este é o link para o gerenciador de drivers restritos, que permite instalar os drivers da nVidia, ATI e outros drivers proprietários no Ubuntu. Na maioria dos casos, você não precisará se preocupar com ele, uma vez que ele fica ativo ao lado do relógio e pergunta se você quer instalar os drivers correspondentes sempre que detecta uma placa compatível. Entretanto, ele fica disponível para quem você possa desativar os drivers em caso de problemas.
Editor de Partições: Este nada mais é do que um atalho para o Gparted.
Ferramentas de rede: Este é um utilitário de verificação e diagnóstico de redes, que mostra a configuração atual de cada uma das interfaces de rede (incluindo os endereços, volume de dados transmitidos, MTU, velocidade do link e outras informações) e inclui opções para traçar rotas, verificar as portas abertas em outras máquinas, ver as conexões abertas e assim por diante. Ele é na verdade uma interface para ferramentas em texto, como o ifconfig, ping, netstat, traceroute, nmap, dig, finger e whois, que são velhas conhecidas dos administradores de sistema:
Ele facilita bastante as coisas em diversas situações, permitindo que você faça uma varredura de portas em uma máquina da rede (ou em um servidor remoto) de forma rápida, sem precisar lidar com os parâmetros do nmap, por exemplo.
Janela de início de sessão: Este é um atalho para o gdmsetup, que é o configurador usado em distribuições que utilizam o GDM como gerenciador de login. Além das opções visuais e de acessibilidade, o configurador inclui opções para ativar o XDMCP, que permite que você se logue em outras máquinas da rede e rode aplicativos remotamente.
Por não utilizar nenhum tipo de encriptação, o XDMCP é bastante inseguro, mas você pode usá-lo como uma forma simples de acessar outras máquinas da rede local. Para isso, basta acessar a aba "Remoto" e mudar a opção para "Simples com o navegador de faces" (a opção "Mesmo que o local", não funciona em algumas versões do GDM, um bug bem conhecido).
Para que a alteração entre em vigor, é necessário reiniciar a máquina, ou reiniciar o serviço gdm através de um dos terminais de texto puro. A partir daí, basta usar a opção "Opções > Sessão Remota via XDMCP" na tela de login das outras máquinas para abrir a sessão remota. Você vê a tela de login do servidor e pode se logar usando qualquer um dos logins cadastrados.
Na aba "Segurança" você pode ativar ou desativar o login automático (a mesma opção que é oferecida durante a instalação) e, caso realmente faça questão, ativar o login como root (a opção "Permitir início de sessão do administrador"), que vem desativado por padrão.
Log do sistema: Este é um gerenciador de logs simples, que reúne vários arquivos de log do sistema em um único local, facilitando o acesso a eles.
Serviços: Este é o atalho para o services-admin, o gerenciador de serviços do sistema. Ele mostra apenas um conjunto reduzido de serviços, considerados opcionais. Para ver a lista completa, é necessário abrir o terminal e ir diretamente à pasta "/etc/rc2.d", onde ficam os links que carregam os serviços durante o boot.
Outra observação importante é que, no Ubuntu, a maioria dos componentes do sistema carregados durante o boot não são serviços, mas sim componentes do Gnome e acessórios diversos, carregados durante a abertura do ambiente gráfico, que podem ser desativados através do "Sistema > Preferências > Sessões".
Suporte a Idiomas: Por default, o instalador baixa apenas os pacotes de idioma para a linguagem escolhida da tela de boot. Entretanto, você pode instalar o suporte a vários idiomas e alternar entre eles conforme desejado. Isso acaba sendo bastante útil se você divide o PC com pessoas que falam outras línguas, ou se precisar de screenshots do sistema em outros idiomas para usar em artigos ou wikis.
Teste de hardware: Uma das grandes dificuldades em qualquer distribuição é manter o sistema compatível com o maior número de máquinas possível, evitando regressões (quando um componente que funciona em uma versão deixa de funcionar na seguinte), adicionando novos drivers e incluindo workarounds (scripts, exceções ou remendos diversos) para adicionar suporte a periféricos difíceis. Este é um problema ainda mais crítico no caso do Ubuntu, onde o sistema se propõe a detectar tudo automaticamente, escondendo as configurações.